
Sete da manhã de um dia de semana qualquer de alguns anos atrás. Era mais uma manhã normal e eu estava me preparando para trabalhar. Tomei meu café da manhã e fui tomar banho. Saio do box para me secar e fito os olhos na bancada da pia, como geralmente fazemos sem perceber. Vejo uma embalagem de shampoo e tento ler o que está escrito, não consigo.
Eu não consigo entender o que aconteceu comigo repentinamente, chego a me apavorar. De um segundo para o outro eu havia perdido a capacidade de ler, era como se não fosse alfabetizada. O desespero piora e eu chamo meu marido, vou pra cama e tento olhar pro celular pra ligar pra minha mãe. Os números não fazem sentido, não entendo nada do que vejo e a partir daquele minuto temo que algo pior aconteça comigo. Perder minhas faculdades mentais e autonomia é algo que me assusta muito.
Tento me acalmar, ainda deitada. Meu marido avisa que não vou trabalhar naquele dia. Alguns minutos se passam e eu volto aos poucos a conseguir ler. Resisto, teimosamente, e não vou ao hospital, mas consigo uma consulta com uma neurologista para o mesmo dia.