quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Mudanças - parte 3

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Nos últimos dias ando pensando muito em mudar e arriscar. Quando mais jovem tinha como lema aquela frase “Se tiver medo, vai com medo mesmo”, na época isso fazia todo o sentido para mim. Queria aproveitar tudo o que a vida oferecia e de preferência de uma vez só. Nunca pensei duas vezes antes de sair pelo mundo e ver no que a coisa iria dar. Resultado disso é que saí de casa cedo, aos 17 anos, viajei muito, morei em várias cidades, conheci diversas pessoas interessantes e com uma delas me casei.


Descobri cedo que coisas incríveis acontecem para quem não tem medo do novo. 


Entretanto, com o tempo fui me acomodando. Quem é mais velho sabe do que estou falando. A gente vai envelhecendo e naturalmente começa a surgir uma vontadezinha de querer que as coisas fiquem do jeito que estão, afinal, se elas estão boas, pra que mudar?

Depois que você conhece o amor da sua vida, constrói um relacionamento bacana, está formado, adquire casa própria e tem um carro na garagem, parece que não falta mais nada! Aliás, falta sim, apenas um filho para encerrar a jornada. 

Porém, nem todo tem os mesmos sonhos e desejos. A gente vai postergando a maternidade, porque não quer que a vida de casal se altere. Continuamos no mesmo emprego, porque aqui tem estabilidade profissional e financeira. Permanece na mesma cidade, porque a casa dos sonhos está aqui. A lista é longa e cada um sabe da sua.

Apegamos-nos a tantas coisas e quando vemos parece que nascemos colados com tudo que está ao nosso redor. Assim, vamos aos poucos fechando as portas para o novo, porque ele já não parece assim tão atraente. Mas principalmente, porque o futuro já não nos inspira a mesma confiança que o que temos no agora nos traz.

Dessa forma, envelhecemos ainda jovens. Afinal, quem não sonha, não arrisca e não muda torna-se velho, independente da idade que a carteira de identidade apresenta.

Mas a idade também nos ensina que algumas coisas na vida acontecem independentes do nosso querer... Afinal, já disse o filósofo Heráclito “nada é permanente, exceto a mudança”. Então, quando a gente pensa que está tudo em ordem e que nada mais pode ficar diferente... Acontece uma reviravolta na vidinha que a gente tinha toda planejada e previsível.

Acontece de um ficar desempregado, alguém morrer, um casal se separar, alguém nascer e por aí vai. E o que vem depois? A vida continua para quem fica e para quem vai, não é mesmo? Só não há mesmo solução para a morte, as demais coisas se ajeitam.

Entretanto, se é assim, por que desistimos de nós mesmos sermos os protagonistas da mudança? Qual o motivo para esperar que algo externo aconteça e nos coloque em movimento? Medo, comodismo, conforto, tantas coisas... Nem sempre os motivos que nos fazem permanecer são ruins. Pra que mexer em time que está ganhando?

É assim que hoje me sinto, a menina aventureira de 17 anos ainda está viva dentro de mim. Porém, hoje eu entendo muito bem que cada escolha implica em uma renúncia. É difícil se afastar das coisas que a gente constrói com tanto carinho e amor, para construir novos capítulos da nossa história, com novos personagens e aventuras.

O futuro é desconhecido, dá frio um frio na barriga quando a gente paga pra ver o que vai dar! Assustador e emocionante.

Essa reflexão sobre mudanças acontece porque após um ano desempregado, meu marido conseguiu um novo emprego. Estou feliz por ele, por esta conquista e por tudo o que ela representa para a vida dele. Porém, isso significa que temporariamente ele ficará longe de mim. O emprego é em Santa Catarina e só nos veremos aos fins de semana.

Eu sempre busco ver o lado positivo das coisas, enxergo essa dificuldade apenas como mais uma barreira que teremos que transpor. Já enfrentamos tantas coisas juntos e vencemos, dessa vez não será diferente. Afinal, talvez mudar seja bom. Algum aprendizado importante virá disso.

Quem sabe dessa mudança não desencadeie outras ainda melhores? Tenho fé que assim será.

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