quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Igualdade de gêneros

            Essa semana algumas pessoas me perguntaram o motivo de eu ser uma defensora tão assídua dos direitos femininos e também da igualdade de gêneros. Ser sucinta nessa explicação não é uma tarefa simples, porque não se trata apenas de uma briga entre homens e mulheres, como seria de se supor num primeiro momento, é um tema muito mais complexo e que envolve a compreensão de alguns dados históricos, políticos, sociais e econômicos, apenas para citar alguns.

Então eu me dei conta que a minha dificuldade de transformar minhas convicções em palavras também poderia ser um reflexo da falta de voz de outras mulheres. Pessoas, que assim como eu, precisam conviver em uma sociedade ainda muito condicionada ao pensamento machista e que desejam mudar essa história. Mulheres que não querem se masculinizar, apenas querem ter o mesmo respeito, igualdade de direitos e oportunidades.

Mas afinal de contas, o que são gêneros? Achei interessante a explicação contida no Caderno Prático Cáritas Portuguesa, como segue abaixo:

O 1º passo para uma melhor compreensão e interiorização do conceito de Igualdade de Gênero consiste desde logo em efetuar uma distinção entre Sexo e Gênero. Assim sendo:



O conceito de Sexo pertence ao domínio da biologia e traduz o conjunto de  características biológicas e fisiológicas que distinguem os homens e as mulheres.

Por oposição, o conceito de Gênero é um conceito social que remete para as diferenças existentes entre homens e mulheres, diferenças essas não de caráter biológico, mas resultantes do processo de socialização.

O conceito de gênero descreve assim o conjunto de qualidades e de comportamentos.

            Entendido o que é gênero, vamos ao conceito de igualdade. Porém, para buscar uma igualdade é necessário que primeiro a gente se dê conta de que existe uma diferença e que isso gera a desigualdade. Pesquisando sobre o tema, me deparei com o texto intitulado “Diferenças sociais de classe e conflitualidade social”, de Elísio Estanque, do Centro de Estudos Sociais na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, onde ele cita:

Um aspecto que distingue as noções de “desigualdade” e “diferença” é que a primeira corresponde a diferenças não desejadas (Therborn, 2006). Como referiu um prestigiado sociólogo português “devemos reivindicar a diferença sempre que a igualdade é opressora e devemos reivindicar a igualdade sempre que a desigualdade é exploradora ou excludente” (Santos, 2006). A diferença pode ser étnica, de gênero, de religião de nacionalidade, de cultura, etc., mas a desigualdade aponta para estruturas mais profundas de interdependência, o que nos obriga a ter presente o conceito de “classe social”. Acresce que este, tem por trás de si toda uma história, que, evidentemente, não pode ser ignorada.
           
Avaliando a história da humanidade, percebemos que há um contexto de diferenças que marcaram a vida das mulheres ao longo do tempo. Dependendo da civilização e período de tempo, fomos consideradas de deusas até seres isentos de alma e pensamento. Em alguns momentos o gênero feminino era visto como mero objeto. Resquícios deste último pensamento ainda estão enraizados na sociedade da atualidade. Embora muito tenha sido feito par desvincular a imagem da mulher como ser desprovido de capacidades, principalmente intelectuais, e evoluído desde então, infelizmente ainda hoje as mulheres precisam se auto-afirmar na sociedade, trabalhando mais,  estudando mais e acumulando cada vez mais funções,muitas vezes, sem as recompensas e reconhecimentos devidos. Configura-se a situação de desigualdade, ainda vivemos em um mundo onde as mulheres são expostas a situações de exploração e exclusão.

Em 1975, a ONU instituiu o Ano Internacional da Mulher, estabelecendo a Década da Mulher de 1976 a 1986, período em que ocorreram 4 conferências mundiais México/1975, Copenhague/1980 e Nairóbi/1985. Foram os primeiros passos para que chegássemos a conscientização da importância da mulher na sociedade e fossem detalhadas exatamente os direitos e medidas que os líderes mundiais tomariam para que finalmente a igualdade de gêneros possa enfim firmar-se.

Nesse mesmo ano, a Aliança Cooperativa Internacional - ACI, criada no ano de 1895 para representar mundialmente o cooperativismo, divulgar sua doutrina e preservar seus valores e princípios, criou o Programa de Ação Regional para as Mulheres da América Latina e do Caribe, com oito áreas estratégicas:

• Equidade de Gênero.
• Desenvolvimento econômico e social, levando em consideração a participação eqüitativa das mulheres nas decisões, nas responsabilidades e nos benefícios do desenvolvimento.
• Eliminação da pobreza.
• Igualdade de participação das mulheres nas tomadas de decisões, no poder, na vida privada e pública.
• Direitos humanos, paz e violência.
• Divisão de responsabilidades familiares; reconhecimento da pluralidade cultural da região.
• Apoio e cooperação internacional.
• Acompanhamento efetivo por parte das organizações e instituições.

            Passado tanto tempo, fica então uma pergunta, porque após todas essas medidas e esforços para garantir a igualdade de gêneros, ainda é preciso debater o assunto? Também em texto retirado do Caderno Prático Cáritas Portuguesa, seguem os motivos:


FALAR EM IGUALDADE DE GÊNERO

É IMPORTANTE PORQUE...




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