Essa semana algumas pessoas me perguntaram o motivo
de eu ser uma defensora tão assídua dos direitos femininos e também da
igualdade de gêneros. Ser sucinta nessa explicação não é uma tarefa simples,
porque não se trata apenas de uma briga entre homens e mulheres, como seria de
se supor num primeiro momento, é um tema muito mais complexo e que envolve a
compreensão de alguns dados históricos, políticos, sociais e econômicos, apenas
para citar alguns.
Então eu me
dei conta que a minha dificuldade de transformar minhas convicções em palavras
também poderia ser um reflexo da falta de voz de outras mulheres. Pessoas, que
assim como eu, precisam conviver em uma sociedade ainda muito condicionada ao
pensamento machista e que desejam mudar essa história. Mulheres que não querem
se masculinizar, apenas querem ter o mesmo respeito, igualdade de direitos e
oportunidades.
Mas afinal de
contas, o que são gêneros? Achei interessante a explicação contida no Caderno
Prático Cáritas Portuguesa, como segue abaixo:
O 1º passo para
uma melhor compreensão e interiorização do conceito de Igualdade de Gênero consiste
desde logo em efetuar uma distinção entre Sexo e Gênero. Assim
sendo:
O conceito de
Sexo pertence ao domínio da biologia e traduz o conjunto de características biológicas e fisiológicas
que distinguem os homens e as mulheres.
Por oposição,
o conceito de Gênero é um conceito social que remete para as
diferenças existentes entre homens e mulheres, diferenças essas não de caráter
biológico, mas resultantes do processo de socialização.
O conceito de gênero descreve assim o
conjunto de qualidades e de comportamentos.
Entendido
o que é gênero, vamos ao conceito de igualdade. Porém, para buscar uma
igualdade é necessário que primeiro a gente se dê conta de que existe uma
diferença e que isso gera a desigualdade. Pesquisando sobre o tema, me deparei
com o texto intitulado “Diferenças
sociais de classe e conflitualidade social”, de Elísio Estanque, do Centro de Estudos Sociais na Faculdade de
Economia da Universidade de Coimbra, onde ele cita:
Um
aspecto que distingue as noções de “desigualdade” e “diferença” é que a
primeira corresponde a diferenças não desejadas (Therborn, 2006). Como referiu
um prestigiado sociólogo português “devemos reivindicar a diferença sempre que
a igualdade é
opressora e devemos reivindicar a igualdade sempre que a desigualdade é
exploradora ou excludente” (Santos, 2006). A diferença pode ser étnica, de gênero,
de religião de nacionalidade, de cultura, etc., mas a desigualdade aponta para
estruturas mais profundas de interdependência, o que nos obriga a ter presente
o conceito de “classe social”. Acresce que este, tem por trás de si toda uma
história, que, evidentemente, não pode ser ignorada.
Avaliando a história da humanidade, percebemos que
há um contexto de diferenças que marcaram a vida das mulheres ao longo do
tempo. Dependendo da civilização e período de tempo, fomos consideradas de
deusas até seres isentos de alma e pensamento. Em alguns momentos o gênero
feminino era visto como mero objeto. Resquícios deste último pensamento ainda
estão enraizados na sociedade da atualidade. Embora muito tenha sido feito par
desvincular a imagem da mulher como ser desprovido de capacidades,
principalmente intelectuais, e evoluído desde então, infelizmente ainda hoje as
mulheres precisam se auto-afirmar na sociedade, trabalhando mais, estudando mais e acumulando cada vez mais
funções,muitas vezes, sem as recompensas e reconhecimentos devidos.
Configura-se a situação de desigualdade, ainda vivemos em um mundo onde as
mulheres são expostas a situações de exploração e exclusão.
Em 1975, a
ONU instituiu o Ano Internacional da Mulher, estabelecendo a Década da Mulher
de 1976 a 1986, período em que ocorreram 4 conferências mundiais México/1975,
Copenhague/1980 e Nairóbi/1985. Foram os primeiros passos para que
chegássemos a conscientização da importância da mulher na sociedade e fossem
detalhadas exatamente os direitos e medidas que os líderes mundiais tomariam
para que finalmente a igualdade de gêneros possa enfim firmar-se.
Nesse mesmo
ano, a Aliança Cooperativa Internacional - ACI, criada no ano de 1895 para
representar mundialmente o cooperativismo, divulgar sua doutrina e preservar
seus valores e princípios, criou o Programa de Ação Regional para as Mulheres
da América Latina e do Caribe, com oito áreas estratégicas:
• Equidade de
Gênero.
• Desenvolvimento
econômico e social, levando em consideração a participação eqüitativa das
mulheres nas decisões, nas responsabilidades e nos benefícios do
desenvolvimento.
• Eliminação da
pobreza.
• Igualdade de
participação das mulheres nas tomadas de decisões, no poder, na vida privada e
pública.
• Direitos
humanos, paz e violência.
• Divisão de
responsabilidades familiares; reconhecimento da pluralidade cultural da região.
• Apoio e
cooperação internacional.
• Acompanhamento
efetivo por parte das organizações e instituições.
FALAR EM IGUALDADE DE GÊNERO
É IMPORTANTE PORQUE...
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