
Foto: Diego Vara
Estamos no século XXI, nos orgulhamos de viver em um país
livre, onde nós, mulheres, podemos nos vestir como bem entender, trabalhar,
estudar e tocar a vida adiante. Mas essa aparência de liberdade para as mulheres
brasileiras não passa de uma frágil camada. Na verdade, somos um país ainda
muito machista. A culpa não é apenas dos homens. Não, a culpa também é das
próprias mulheres. Sim. Quando confundimos e toleramos comportamentos abusivos
imaginando que isso seja apenas uma demonstração de amor.
Gisele Santos, 22 anos, moradora da cidade de São Leopoldo,
no RS, pagou com partes de seu próprio corpo o preço de ter sustentado por mais
de sete anos um relacionamento doentio. Discussões e brigas eram uma constante
na vida dela e do marido Élton, de 26 anos. Mas talvez ela achasse que uma
certa dose desse tipo de violência fosse algo normal. Quem sabe ele também
pensasse dessa forma. Eles eram apenas mais um casal que entre tapas e beijos
tocavam a vida. Como se tapas combinassem com beijos. Aparentemente os vizinhos
concordavam com eles, pois ouviam as discussões do casal e seguiam outra máxima
popular, a de que em briga de marido e mulher não se mete a colher.
Para a infelicidade de Gisele, ela descobriu da pior maneira
possível que agressões físicas, verbais, emocionais ou financeiras, não podem
ser toleradas. Em mais uma das tantas brigas com o marido, ele a agride com um
facão. Descontrolado ele desfere golpes contra a cabeça de Gisele, que no
desespero tenta se proteger com as mãos. Certamente os golpes tinham o intuito
de matá-la, uma vez que decepam suas duas mãos. Não satisfeito, ele também
decepa os seus pés a golpes de facão. Sua fúria só foi satisfeita quando ele
pensou que Gisele já estivesse morta.
Mas ela não estava. Após muito tempo esperando por socorro ela
é levada ao hospital. Mas talvez pelos vizinhos, o certo seria deixá-la em
casa, sozinha, mesmo após ter gritado por socorro. Afinal, em briga de marido e
mulher não se mete a colher, mesmo que isso possa custar uma vida.
Gisele passou por maus bocados, felizmente sobreviveu. Seus
pés foram reimplantados, com suas mãos não foi possível fazer o mesmo. Para
todas as outras mulheres, que fique a lição, não se acostumem com a violência.
De nenhum tipo. Não aceite ser maltratada. Não admita ser subestimada. Jamais
aceite um tapa e espere ansiosa que em seguida venha a fase dos beijos.
Ainda bem que Gisele está viva para poder perdoar o seu
agressor. Uma alma nobre. Será que ele merece? Certamente ele precisa ser
punido e não ser perdoado pela justiça. Mas para ela, em seu coração, o perdão
também seja uma forma de perdoar a si mesma por ter amado uma pessoa que a
decepcionou e poder seguir com a vida adiante.
Mais notícias sobre o caso, leia em: http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/08/perdoo-mas-quero-que-ele-fique-preso-diz-jovem-que-teve-as-maos-decepadas-pelo-companheiro-4822472.html
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