quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Livro da semana: Cartas na Rua, de Charles Bukowski

          

             Cartas na Rua foi o meu primeiro contato com a obra do icônico Charles Bukowski, também vulgarmente conhecido como o velho escritor tarado. Estava curiosa para saber  o que o fazia tão famoso, já nesta primeira leitura descobri, seu cinismo e sarcasmo são de um nível que transcendem a vulgaridade. Sim, as pessoas fazem coisas loucas, falam palavrões, bebem demais e têm ressacas desastrosas e muitas, muitas vezes fazem más escolhas, mas sem remorsos ou culpas, todos seguem em frente pois não há outra coisa a fazer.

Em Cartas na Rua, acompanhamos a trajetória de Hank, um cara que queria ganhar um dinheiro fácil e acaba indo parar em um emprego nos Correio. Longas horas cumprindo sua função entediante no emprego são compensadas pela extravagância em sua vida pessoal. Ele faz tudo demais: beber, fumar, sexo e aposta em cavalos.

Hank é sarcástico e cínico ao extremo. Desfaz e recomeça relações amorosas como quem troca de roupa, mas mesmo assim não é capaz de ferir corações. Tentar acompanhar a vida dele é lançar o olhar sobre a vida do trabalhador cansado e sobrecarregado que só quer alguns minutos de paz e divertimento.


Uma citação que achei ótima:

“O trabalho estava me matando. Durante dez anos eu havia suportado, indignando-me apenas com a rotina, com a monotonia do trabalho. Mas no décimo primeiro ano meu corpo começou a morrer. Decidi que preferia andar descalço e morar numa favela a morrer seguro. Um homem pode ter segurança numa cadeia ou num hospício. Aos cinquenta anos, tendo que pagar pensão alimentícia, pedi demissão.”

            Imagino que Hank estivesse em um estágio avançado de depressão quando finalmente chegou à conclusão que era hora de sair desse emprego. Em certas partes do livro ele relata que sente tonturas e extremo cansaço, faz um check-up médico e nenhum vestígio de doença física é encontrado. O fato é que ele precisava de mudanças para melhorar a qualidade de vida. Fiquei feliz por ele ter tido coragem para mudar e mais uma vez seguir em frente. Se o livro fosse a vida real, aposto que ele encontraria um emprego de que realmente gostasse e a mudança teria valido a pena.


Pode se dizer que Hank é apenas mais um cara em meio a milhões de operários entediados, que seguem a vida, um dia após o outro, sentindo seus sonhos se diluindo em meio a sua rotina. Mas que um dia, mesmo que tenham se passado anos, e alguns até achem que aos cinqüenta anos é tarde demais para recomeçar, saem da sua letargia e atiram tudo para o alto, para buscar e encontrar a sua própria felicidade.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Sempre que puder, faça...



Sempre que puder, faça...


Campanha "Chega de Fiu Fiu" pede fim do assédio a mulheres

Utilizar o transporte público nos horários de pico é um verdadeiro martírio. Em geral os coletivos estão super lotados, os usuários não tem escolha, precisam amontoar-se para conseguir um espaço livre até chegar ao seu destino. Mas há quem sofra mais com esse aperta e empurra, as mulheres. Alguns homens muito mal intencionados, aproveitam esses momentos de aperto para molestar as mulheres, “encoxar”, “tirar uma casquinha”, como queiram entender. Outros ultrapassam todos os níveis de cara de pau e “chegam” as vias de fato durante o próprio trajeto de ônibus, deixando a mulher suja com seu esperma.

Pessoalmente, não consigo compreender qual a “graça” em ficar se esfregando em uma mulher no ônibus. É repugnante... Enfim, ainda há muito o que mudar no comportamento masculino a fim de chegar ao respeito pleno às mulheres.

Achei muito interessante uma matéria que li no site da revista Exame, sobre uma campanha que visa acabar com o tal do fiu fiu e colocar em panos limpos, definitivamente, que isso é assédio e não elogio.

Leia a matéria na integra:

 Mulher fazendo gesto de silêncio

 “Eu estava descendo a escada do metrô e dois homens começaram a falar um monte de besteira atrás de mim, me assediando. As pessoas em volta não fizeram nada. Senti que estava tão vulnerável que chorei.” O relato é da auxiliar de administração Thalia de Souza, 18 anos, mas reflete uma situação corriqueira para mulheres: o assédio nas ruas.
Agredida, assediada, violentada e vulnerável foram algumas das expressões utilizadas por entrevistadas da Agência Brasil para se referir ao modo como se sentem nesse tipo de abordagem. A Campanha Chega de Fiu Fiu, do Coletivo Olga, em parceria com a Defensoria Pública de São Paulo, quer tornar visível esse assédio para desnaturalizar uma situação que, na prática, é mais uma violência de gênero.
“Não é valorização, não é elogio, não é querer ter um relacionamento, não é flerte”, destaca a jornalista Juliana de Faria, criadora da campanha. Ela aponta que esse assédio está dentro de um contexto de violência marcado pelas desigualdades de gênero. “Talvez isso possa parecer uma questão menor, mas não é. Estamos falando de direitos muito básicos, então isso já é uma grande violência”, declarou.
De acordo com Juliana, as mulheres passam a assumir posturas que limitam a liberdade individual. “Já nos acostumamos a mudar de calçada para não passar na frente de um grupo de homens, não passar na frente de um bar ou pensar duas vezes antes de colocar uma saia”, exemplificou.
Uma das ações da campanha foi a produção de uma pesquisa na internet, com a participação de aproximadamente 7,7 mil mulheres. O resultado mostrou que 99,6% delas já haviam sido assediadas. Cerca de 81% disseram ter deixado de sair para algum lugar com medo de sofrer assédio e 90% trocaram de roupa pensando no lugar que iriam por receio de passar por esse tipo de situação.
É o caso da dona de casa Jéssica de Souza, 23 anos, que precisa ir semanalmente à Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). “Lá tem muito caminhoneiro. Penso logo na roupa. Eles ficam chamando, perguntando quanto eu cobro. É mais do que assédio para mim, é uma humilhação”, relatou.
A defensora pública Ana Rita Prata, coordenadora auxiliar do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher, destaca que esse tipo de comportamento é qualificado penalmente. “É uma contravenção penal, a importunação ofensiva ao pudor, cuja pena é multa. Há também a caracterização de crime como ato obsceno”, explicou. Nos casos em que for verificada a violência física, pode ser caracterizado o crime de estupro. Ela destaca que a responsabilização do agressor é importante e um direito da vítima, mas que é fundamental tratar do tema de forma a conscientizar a sociedade sobre a questão. “A responsabilização de uma pessoa não vai mudar um contexto social”, ponderou.
A professora Carla Cristina Garcia, do Departamento de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), diz que esse assédio pode ser explicado por uma cultura em que o espaço público é tido como masculino. “Por mais que a rua pareça neutra, ela não é. As mulheres sabem dessa cartografia mental, que você não pode estar em um lugar em determinado momento do dia. A sociedade e a cultura machista vão impondo a compreensão de que, se algo acontecer, a culpa é sua”, acrescenta. Ela lembra que, ao mesmo tempo em que se culpa a vítima e se invisibiliza a violência contra as mulheres, naturaliza-se a agressividade masculina.
Embora se sinta agredida ao ouvir comentários obscenos na rua, a vendedora Soraia Lins, 40 anos, já não se espanta e acha que esse tipo de comportamento está relacionado a um instinto do homem. “É todo dia. No ônibus, no metrô, se não é comigo, eu vejo alguém do lado passar por isso. E ninguém se mete, porque pode ter confusão”, relatou.
Para a professora da PUC-SP, é preciso investir na educação pela igualdade de gênero em vez de naturalizar as iniciativas masculinas. “Os homens devem ser educados para não serem agressores, e não uma cultura que ensina a mulher a se proteger ao que seria natural do homem, que é ser um assediador. Isso não é verdade nem para um sexo nem para o outro”, destacou.
A próxima fase da campanha Chega de Fiu Fiu é reunir recursos, por meio de um site de financiamento colaborativo, para a produção de um documentário.
A ideia é usar óculos especiais, com uma microcâmera que filme mulheres circulando pelas ruas. Em casos de assédio, elas devem questionar os homens sobre esse comportamento.
“Nossa primeira meta era R$ 20 mil e conseguimos atingir em 19 horas. Com esse valor, a gente garante enviar as recompensas para as pessoas que apoiaram e garante também enviar os óculos espiões para outras regiões”, explicou Juliana. Para finalizar o filme, serão necessários R$ 80 mil. “Estamos chegando a R$ 50 mil, que é a nossa segunda meta. Faltam 40 dias para acabar”, informou. Ela espera que o documentário fique pronto no início de 2016.


Livro da semana: Chá de sumiço, Marian Keyes


Para iniciar a semana de forma leve e divertida, apelei para a leitura do livro Chá de Sumiço, da escritora Marian Keyes. Ela é ótima no quesito humor! Já li vários de seus livros e embora não espere grandes variações nos temas, sempre mulheres caóticas e um pouco desequilibradas, no livro Chá de Sumiço gostei da forma como Marian fez um suspense um pouco irônico, onde Helen, a protagonista, é praticamente uma anti-heroína.

            Helen é uma detetive que vive um período difícil, sem trabalhos devido a crise econômica que assola a Irlanda, ela perde o apartamento por falta de pagamento, volta a morar com os pais e entra em uma grave crise depressiva, sujeita inclusive a acessos suicidas.

            Porém, surge um trabalho importante, um homem famoso desaparece e a contratam para encontra-lo. Ela se agarra a essa oportunidade, não só pelo dinheiro, mas pela chance de fazer alguma coisa, manter a mente ocupada e evitar pensar na desgraça que está sua vida. Após muito humor no desenrolar da história, evidentemente o final será feliz para todos os personagens.


            Chá de sumiço é uma leitura leve e irreverente, nos faz lembrar que o mundo pode ser bastante cruel mas que no fim das contas, ainda há esperança.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Dieta Mediterrânea

Esse ano fiquei meio obcecada com a questão da saúde e qualidade de vida. Talvez a proximidade dos 30 anos, uma idade que sempre foi um pouco mítica para mim, uma espécie de portal de passagem para a maturidade. No entanto, aos 27 anos percebo que isso tudo não passa de uma grande besteira. Felizmente vejo que não há idade que marque uma transição entre as fases da vida, mas eventos acumulados de experiência que contribuem para isso.

            Enfim, devido a minha preocupação crescente com a saúde e a qualidade de vida, achei interessante a matéria que li no site da BBC, a respeito dos benefícios da dieta mediterrânea. Onde alguns pesquisadores atribuem o poder dos alimentos que compõem a base da dieta como sendo capazes de manter a juventude genética,  garantindo assim uma vida mais longa.

            Abaixo seguem algumas explicações retiradas da matéria, que pode ser acessada em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/12/141203_dieta_mediterranea_genetica_rp

 Foto: Thinkstock

A mistura de vegetais, azeite, peixe fresco e frutas pode impedir o nosso código de DNA de despedaçar, à medida que envelhecemos, de acordo com um estudo publicado no British Medical Journal.
Enfermeiros que se submeteram à dieta apresentaram menos sinais de envelhecimento em suas células.
Os pesquisadores, de Boston, acompanharam a saúde de cerca de 5 mil enfermeiros ao longo de mais de uma década.
A dieta mediterrânea tem sido repetidamente ligada a ganhos de saúde, como a redução do risco de doença cardíaca.
Embora não esteja claro exatamente o que a torna tão boa, seus principais componentes - abundância de frutas e legumes frescos, bem como aves e peixes, em vez de carne vermelha, manteiga e gorduras animais - têm, todos, efeitos benéficos sobre o corpo, bem documentados.
Os alimentos ricos em vitaminas parecem fornecer um tampão contra o estresse e danos de tecidos e células. E, de acordo com este recente estudo, a dieta mediterrânea ajuda também a proteger o nosso DNA.

            É evidente que somente comer esses alimentos não é garantia de uma vida eterna, caso contrário no mediterrâneo ninguém morreria de causas naturais. Mas é bacana amar o nosso corpo e fazer escolhas saudáveis, merecemos proporcionar a nós mesmos um envelhecimento com saúde e assim desfrutarmos da vida por muito e muito tempo.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Livro da semana: Eu, Christiane F., a vida apesar de tudo

         


            Muito menos impactante do que o primeiro livro sobre a vida da protagonista, Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída... o livro assim como o nome diz, trata da vida de Christiane após o sucesso do primeiro livro escrito há tantos anos atrás.

Do alto de seus 51 anos, ela, que iniciou cedo seu contato com as drogas, relata momentos de sua juventude, suas loucuras e buscas, por algo que nem mesmo ela sabia, mas que a fazia experimentar das drogas mais fortes e dos sentimentos mais intensos. Queria a paz mas só encontrou conflitos.

Como era de se esperar, Christiane usou e ainda usa drogas ilícitas, acompanhadas agora das drogas lícitas. Algumas para ameninar seu vício em heroína e outras para tratar de doenças adquiridas ao longo dos anos, devido ao mau trato que Christiane fez dele e da  exposição aos diversos riscos do compartilhamento de seringas, que lhe rendeu uma hepatite C.

Eu, que fui uma leitora voraz do seu primeiro livro, senti uma certa tristeza por ela. Afinal, Christiane não é uma personagem, é alguém bem real, que fez más escolhas no passado e agora colhe os frutos dessa árvore doentia. É uma pena dar-se conta que ela não conseguiu libertar-se do vício e que sua história não teve o final feliz que as mentes sonhadoras que a leram gostariam.


Como ela mesma disse, quem diria conseguiria chegar aos 51 anos? Chegou e que essa história real sirva de lição aos jovens de hoje para que evitem o primeiro contato com as drogas. Pois ele pode não ser apenas o prenúncio de mais uma história triste que vem por aí, e de repente, nem tão longa quanto a dela, visto que ela mesma considera um milagre que tenha vivido por tanto tempo.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A beleza ao longo de 100 anos

          Vi no site da Revista Marie Claire um vídeo que demonstra em 1 minuto a evolução da beleza feminina ao longo dos últimos 100 anos. Achei o máximo!



           Meu cabelo é uma mistura dos anos 2010 e 1970 e a atitude meio anos 1960!!!

           E o seu?

Igualdade de gêneros

            Essa semana algumas pessoas me perguntaram o motivo de eu ser uma defensora tão assídua dos direitos femininos e também da igualdade de gêneros. Ser sucinta nessa explicação não é uma tarefa simples, porque não se trata apenas de uma briga entre homens e mulheres, como seria de se supor num primeiro momento, é um tema muito mais complexo e que envolve a compreensão de alguns dados históricos, políticos, sociais e econômicos, apenas para citar alguns.

Então eu me dei conta que a minha dificuldade de transformar minhas convicções em palavras também poderia ser um reflexo da falta de voz de outras mulheres. Pessoas, que assim como eu, precisam conviver em uma sociedade ainda muito condicionada ao pensamento machista e que desejam mudar essa história. Mulheres que não querem se masculinizar, apenas querem ter o mesmo respeito, igualdade de direitos e oportunidades.

Mas afinal de contas, o que são gêneros? Achei interessante a explicação contida no Caderno Prático Cáritas Portuguesa, como segue abaixo:

O 1º passo para uma melhor compreensão e interiorização do conceito de Igualdade de Gênero consiste desde logo em efetuar uma distinção entre Sexo e Gênero. Assim sendo:



O conceito de Sexo pertence ao domínio da biologia e traduz o conjunto de  características biológicas e fisiológicas que distinguem os homens e as mulheres.

Por oposição, o conceito de Gênero é um conceito social que remete para as diferenças existentes entre homens e mulheres, diferenças essas não de caráter biológico, mas resultantes do processo de socialização.

O conceito de gênero descreve assim o conjunto de qualidades e de comportamentos.

            Entendido o que é gênero, vamos ao conceito de igualdade. Porém, para buscar uma igualdade é necessário que primeiro a gente se dê conta de que existe uma diferença e que isso gera a desigualdade. Pesquisando sobre o tema, me deparei com o texto intitulado “Diferenças sociais de classe e conflitualidade social”, de Elísio Estanque, do Centro de Estudos Sociais na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, onde ele cita:

Um aspecto que distingue as noções de “desigualdade” e “diferença” é que a primeira corresponde a diferenças não desejadas (Therborn, 2006). Como referiu um prestigiado sociólogo português “devemos reivindicar a diferença sempre que a igualdade é opressora e devemos reivindicar a igualdade sempre que a desigualdade é exploradora ou excludente” (Santos, 2006). A diferença pode ser étnica, de gênero, de religião de nacionalidade, de cultura, etc., mas a desigualdade aponta para estruturas mais profundas de interdependência, o que nos obriga a ter presente o conceito de “classe social”. Acresce que este, tem por trás de si toda uma história, que, evidentemente, não pode ser ignorada.
           
Avaliando a história da humanidade, percebemos que há um contexto de diferenças que marcaram a vida das mulheres ao longo do tempo. Dependendo da civilização e período de tempo, fomos consideradas de deusas até seres isentos de alma e pensamento. Em alguns momentos o gênero feminino era visto como mero objeto. Resquícios deste último pensamento ainda estão enraizados na sociedade da atualidade. Embora muito tenha sido feito par desvincular a imagem da mulher como ser desprovido de capacidades, principalmente intelectuais, e evoluído desde então, infelizmente ainda hoje as mulheres precisam se auto-afirmar na sociedade, trabalhando mais,  estudando mais e acumulando cada vez mais funções,muitas vezes, sem as recompensas e reconhecimentos devidos. Configura-se a situação de desigualdade, ainda vivemos em um mundo onde as mulheres são expostas a situações de exploração e exclusão.

Em 1975, a ONU instituiu o Ano Internacional da Mulher, estabelecendo a Década da Mulher de 1976 a 1986, período em que ocorreram 4 conferências mundiais México/1975, Copenhague/1980 e Nairóbi/1985. Foram os primeiros passos para que chegássemos a conscientização da importância da mulher na sociedade e fossem detalhadas exatamente os direitos e medidas que os líderes mundiais tomariam para que finalmente a igualdade de gêneros possa enfim firmar-se.

Nesse mesmo ano, a Aliança Cooperativa Internacional - ACI, criada no ano de 1895 para representar mundialmente o cooperativismo, divulgar sua doutrina e preservar seus valores e princípios, criou o Programa de Ação Regional para as Mulheres da América Latina e do Caribe, com oito áreas estratégicas:

• Equidade de Gênero.
• Desenvolvimento econômico e social, levando em consideração a participação eqüitativa das mulheres nas decisões, nas responsabilidades e nos benefícios do desenvolvimento.
• Eliminação da pobreza.
• Igualdade de participação das mulheres nas tomadas de decisões, no poder, na vida privada e pública.
• Direitos humanos, paz e violência.
• Divisão de responsabilidades familiares; reconhecimento da pluralidade cultural da região.
• Apoio e cooperação internacional.
• Acompanhamento efetivo por parte das organizações e instituições.

            Passado tanto tempo, fica então uma pergunta, porque após todas essas medidas e esforços para garantir a igualdade de gêneros, ainda é preciso debater o assunto? Também em texto retirado do Caderno Prático Cáritas Portuguesa, seguem os motivos:


FALAR EM IGUALDADE DE GÊNERO

É IMPORTANTE PORQUE...




terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Dica de passeio: Pousada e Parque do Robinson, em Ivoti, RS

        Estávamos há algum tempo desejando um final de semana diferente, o problema era conciliar todas as nossas vontades em um único plano. Queríamos ficar dois dias em uma pousada perto da cidade onde moramos, de preferência com piscinas, com instalações bacanas, bom café da manhã e a preço acessível.

Quando se pensa em Gramado, as opções são quase infinitas, porém o preço é lá no alto também. Então depois de muito pesquisarmos, encontramos a Pousada e Parque do Robinson, que fica na cidade de Ivoti. Do lado de casa praticamente, menos de 30Km de distância! O lugar é muito bonito e relaxante, super bem cuidado. O preço é ótimo, diária de R$160,00. Pena que não pudemos ficar mais tempo! Vale muito a pena conhecer.

Foi uma delícia desfrutar da piscina térmica! Pensa num silêncio, uma calmaria, uma paz.... Aquela água quentinha fazendo carícias na pele... Tudo de bom!

A única coisa ruim nessa história toda, é que nos encantamos tanto com o lugar e o momento que esquecemos de tirar fotos!!!

Mas pra quem quer saber mais informações, seguem abaixo dicas do site.

Localização:


 
 






Vale a pena!

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Livro da semana: Os Bons Suicidas

        


           Apesar do título bastante macabro e contraditório, (será que existe alguém apto a ser um bom suicida?), o livro Os Bons Suicidas do escritor Tony Hill, é uma narrativa policial e investigatória de tirar o fôlego.

        O inspetor de policia Héctor Salgado, da cidade de Barcelona, na Espanha, começa a cuidar de um caso aparentemente sem muito mistério, trata-se da morte  de uma mulher por suicídio. Tudo acontece de forma bastante incomum para o sexo feminino, atirar-se em frente a um trem. Porém, à medida que as investigações avançam, começam a aparecer fatos que ligam essa morte a um outro caso anterior, um homem que assassinou a esposa, a filha e depois se mata.

O que esses dois casos aparentemente tão distintos tem em comum? Essas duas pessoas trabalhavam na mesma empresa e haviam participado de um retiro para treinamento em grupo. Tudo indica que alguma coisa muito séria aconteceu durante o período em que esse grupo de pessoas esteve junto e isso os uniu fortemente através de um pacto de silêncio.

Entretanto, mais pessoas morrem e a unidade do grupo fica abalada. O segredo será mantido até o fim?

Paralelamente a esta trama, é investigado o sumiço de Ruth, acontecido seis meses antes. Ela era ex-mulher do inspetor Salgado. O que teria acontecido com ela, estaria morta ou viva a esta altura do campeonato?

No final do livro muitas perguntas são respondidas, porém, nem todas...

O final reserva surpresas e um desfecho emocionante e um pouco... frustrante! Morri de curiosidade sobre alguns fatos e terminei o livro ainda mais curiosa.


Vale a pena!

Coisas que me irritam

       

        Certo dia me perguntaram em uma dessas entrevistas de emprego “o que tira a Karine do sério?”, um turbilhão se fez em meus pensamentos, tanta coisa e quase nada, poderia ter sido a resposta, mas talvez a chatice humana teria sido a melhor.

        O que exatamente eu classifico como chatice humana? Então lá vamos nós...

        Discussões sobre política de forma infundada. Agressões verbais por conta da intolerância da forma de pensar, agir e ser. Impaciência. Falta de interesse. Má educação. Falta de respeito. Ausência. Superficialidade. Arrogância. Julgamentos sobre a moralidade. Hipocrisia. Brutalidade. Violência. Injustiças. Preconceitos.

        Tanta coisa... que quando me deparo com situações assim, prefiro me calar. Estou aprendendo a arte do silêncio. O que responde a segunda pergunta que a recrutadora me fez “e como a Karine lida com isso?”.

Respirar fundo, analisar a situação e calar. Certas coisas não precisam ser ditas, em alguns momentos proferir palavras é alimentar a agressividade alheia.

Aprender, praticar, aperfeiçoar e aprender...

        Talvez um dia aprenda também o perdão absoluto através da compaixão plena, para com todos, sem exceção.

        Por enquanto, me contento com o que aprendi até aqui, pensar e viver aquilo que eu acredito. Buscar o equilíbrio físico e mental. Os conselhos e disseminações de uma verdade absoluta, deixo para os profetas ou para os fanáticos. Para mim, viver em paz com o mundo e comigo mesma, é suficiente.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Livro da semana: O Amor de uma boa mulher

     

         O livro O amor de uma boa mulher é um apanhado de contos que retratam o cotidiano das mulheres de diferentes épocas, marca pela narrativa profunda, surpreendente e direta da escritora Alice Munro. O universo feminino é descrito com todos os seus conflitos porém sem julgamentos entre o certo ou errado, assim como na vida real, as personagens amam e odeiam, acertam e erram, mas acima de tudo, demonstram-se extremamente humanas.
       
        Uma dessas mulheres é capaz de dedicar a vida em prol do bem de doentes moribundos. Outra devido ao próprio delírio da depressão pós-parto, foge do estereótipo de mãe zelosa e é incapaz de lidar com a própria filha recém nascida, indo ás últimas conseqüências dopando a criança e a si mesma com calmantes, tudo em busca da paz perdida. Também há o retrato da mulher que se sente fracassada quando percebe que sua vida foi diferente daquilo que é esperado do sexo feminino, retorna a casa do pai imaginando encontrar apenas frieza e surpreende-se com a profundidade dos mistérios que uma relação superficial em família pode esconder.
       
        O amor de uma boa mulher é um livro para ser lido com a alma aberta, e é preciso que o leitor esteja preparado para ver ali o cotidiano descrito em uma forma bastante realista, para compreender que na vida assim como na ficção, as pessoas são capazes de ser muito mais complexas do que aquilo que aparentam.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Amadurecendo

      

        Desconfio que atingir a maturidade é finalmente dar sossego ao corpo e a mente. Amadurecer é domar a fera da juventude que aceita toda e qualquer coisa em nome da aventura, mas sem se preocupar com as conseqüências dessas escolhas. Ser um adulto maduro também pode ser dito como se tornar alguém mais seletivo em suas escolhas.

            Amadurecimento e navegar em águas tranquilas e tomar um gosto imenso pela paz. Também é sair do meio do olho do furacão, tomar uma certa distância e observar de longe o problema, analisar as possibilidades e tomar a atitude mais acertada e condizente com as próprias vontades. Alinhar-se a si mesmo. Descobrir sua identidade e acreditar nela. Todo os dias se conhecer a cada dia mais e se surpreender com as próprias mudanças.
             
            O olhar da experiência acumulada faz com que a gente olhe para trás e se sinta solidário com o jovem que um dia fomos. Ah, se pudéssemos ter um encontro com nossa versão mais jovem, quantos conselhos poderíamos dar. Mas seria inútil, nosso eu mais novo não saberia ouvir e tampouco entender, pois as coisas que vivemos no passado é que nos fizeram ser o que somos e saber o que sabemos.

            A cada ano que passa fica-se melhor. A vida fica mais leve. As culpas se tornam menores. Nos tornamos mais generosos, com os outros e conosco mesmo.

            Compreendemos enfim que entramos nessa vida sem nada saber e descobrimos ao longo do caminho ser possível sair dessa jornada como alguém melhor, aprender e ser capaz de contribuir com o resto da sociedade. Seja através dos nossos atos, gestos ou palavras. Os rastros da vida que fomos capazes de construir, serão o legado que deixaremos para aqueles que um dia cruzaram nosso caminho ou em algum momento se juntaram a nós na caminhada.


sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O casamento da Vanessinha

            

        Vanessinha e Dudu resolveram casar-se. A mãe dela quase caiu de costas quando soube dos planos da filha.
-         Você só pode estar brincando, Vanessa!
-         Não, mãe. É super sério isso!

A mãe segurou a respiração, contou até dez. Não estava prestes a explodir em raiva, segurava era a vontade de rir. Sua filha, Vanessa Gomes da Fonseca, 16 anos, estudante do ensino médio, querendo casar? Se não bastasse o cômico dessa situação, não faltou vontade de gargalhar do maluco do tal noivo, o Dudu. A única coisa que ele sabia fazer da vida era ficar horas na frente da TV, jogando seus games e ir até a geladeira pegar mais refrigerante. Oi? Onde é que está o erro nessa história toda? Ela, que casou-se beirando os trinta e já não era mais nenhuma menina na época, antes do grande dia ainda pensou umas vinte vezes se era a coisa certa a fazer, e não era, separou-se três anos depois. Canalha, assumiu sua homossexualidade e foi ser feliz em outras redondezas. Por outro lado, pensando bem, José Augusto era muito melhor como amigo do que foi como marido. Ir ao shopping com ele era diversão garantida, sempre!

-         Mãe, porque você tá rindo? Não ta querendo me matar?

Ela olhou para a filha com o coração repleto de solidariedade. Sua geração foi criada para repudiar o casamento e a falta de liberdade que ele representava, em sua época, o bacana era ser independente. Lutou para se virar sozinha e conseguiu. Agora estava ali, sua filha, querendo viver aos moldes de sua bisavó. Onde foi que ela errou?

- Não meu amor, eu só to aqui pensando em algumas coisas práticas da vida. Se você quiser casar com o Dudu, por mim tudo bem. Dou a maior força. Só fico curiosa pra saber como é que vocês vão levar essa empreitada adiante. Porque como você sabe, isso vai significar que vocês terão que arcar com uma casa, água, luz, comida, mobília, eletrodomésticos, dentre outras cositas más! Pode me explicar como é que vocês vão bancar isso tudo?

            Vanessinha começa a roer as unhas, por um segundo a mãe desconfia que essas coisas nem sequer passaram perto da cabecinha adolescente dela. Ela já teve a idade da filha um dia, sentiu inveja da sua ingenuidade. Tempos bons eram aqueles que ela não precisava fazer equivalência do preço dos cosméticos com a quantidade de contas a pagar. Podia comprar uma blusa maravilhosa, a qual seria usada apenas uma vez, sem sentir a culpa e o remorso por ter deixado de comprar comida.

            - Ai mãe, esse mundo não é justo. Acho que vamos ter que adiar os planos. O amor será interrompido pela falta de dinheiro. Droga de mundo capitalista!
            - Sim, minha filha, a vida definitivamente não é justa. Mas quem sabe até depois da faculdade os planos não sejam apenas adiados, talvez eles sejam totalmente mudados. Tanta coisa pra acontecer ainda. Por enquanto vai curtindo esse amor todo aqui em casa, onde eu posso ficar de olho nas loucuras de vocês dois e ainda patrocino uma pizza. Liga pro Dudu e chama ele pra jantar com a gente.
           
            Vanessinha corre pro telefone e o tal convite leva trinta minutos para ser feito. Afinal, ainda era a mãe quem pagava a conta telefônica. 

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Hoje eu morri

            

               Hoje eu morri. Ao abrir meus olhos e despertar em uma nova dimensão, você foi o primeiro que eu vi. Me recepcionou com festa. Estávamos felizes porque nada mais importava a não ser o nosso próprio reencontro. Gargalhamos com gosto da nossa ingenuidade de vivos, fizemos piada do tempo em que chorávamos pelos problemas que achávamos que tínhamos. Nada disso existia, agora, sabemos, porque quando se morre não se sente saudade de nada, a não ser da própria vida.

            Quanto tempo desperdiçado com coisas inúteis, a raiva, o ódio, o estresse e a eterna insatisfação de querer sempre mais. Nada disso importa mais, porque agora estamos mortos. Podemos rir, meu querido amigo, de nós e das chagas que criamos e nos infligimos. Tudo tão pequeno. Melhor seria se tivéssemos aprendido a viver com menos, talvez assim a vida tivesse se revelado maior. Mas agora nada disso importa, tudo foi como foi e está feito. As histórias vividas. A vida eternizada na memória de quem ficou, até que não seja mais nada, além de uma história contada de tempos em tempos. Um dia virará um conto e ninguém mais se lembrará desses personagens, de seu choro ou do seu riso, nem daquilo que representou sua vida.

             Os sofrimentos, tão inúteis. Riremos disso também. Tudo isso passa e agora estamos aqui celebrando a vida que já não temos. Saudamos não aquela vida que queríamos, mas a que tivemos. Nesse dia em que despertamos da nossa ignorância e percebemos que nada disso importa, porque a morte chegou e tudo o que restou foi o lento esquecimento de quem  um dia nós fomos e estamos felizes por não ser mais.