Experiência e Educação – III Critérios de Experiência

(...) Qual, então, o verdadeiro sentido de preparação no quadro da
educação? Em primeiro lugar, significa poder a pessoa, velha ou moça,
extrair de sua experiência presente tudo que nela houver para si nesse
momento em que a tem. Quando a idéia de preparação se faz o
objetivo dominante da atividade, as potencialidades do presente são
sacrificadas a um imaginário e suposto futuro. E nessa medida, a real
oportunidade de preparação para o futuro vem a se perder. O ideal de
usar o presente simplesmente para se preparar para o futuro contradizse
a si mesmo. Esquece, suprime mesmo, as próprias condições pelas
quais uma pessoa se prepara para seu futuro. Vivemos sempre no
tempo em que estamos e não em um outro tempo, e só quando
extraímos em cada ocasião, de cada presente experiência, todo o seu
sentido, é que nos preparamos para fazer o mesmo no futuro. Esta é a
única preparação que, ao longo da vida, realmente conta.
Tudo isto significa que se deve rodear do mais desvelado cuidado
as condições que dão à experiência presente o seu sentido construtivo.
Em vez de julgar-se que não faz muita diferença o que seja a
experiência presente, contanto que seja agradável, é exatamente o
contrário do que se deve pensar. Este é mais um ponto em que é fácil
passar de um extremo a outro. Como a escola tradicional habituou-se
a sacrificar o presente a um futuro remoto e, mais ou menos
desconhecido, acredita-se que o educador pode esquecer a sua
responsabilidade quanto à significação para o futuro das experiências
presentes do jovem. Mas a relação entre o presente e o futuro não é
uma questão de um ou outro extremo. O presente afeta sempre, de
qualquer modo, o futuro. As pessoas capazes de perceber a conexão
não são os jovens mas os que já adquiriram maturidade. Por
conseguinte, sobre eles recai a responsabilidade por estabelecer as
condições adequadas ao tipo de experiências presentes capazes de ter
efeito favorável sobre o futuro. Educação como crescimento ou
conquista da maturidade deve ser um processo contínuo e sempre
presente (DEWEY, 1976, p.43s).
Nenhum comentário:
Postar um comentário