quinta-feira, 4 de maio de 2017

Fundamentos da Educação - V. Livro I – Emílio ou Da Educação - (ROUSSEAU, 1999, p.8s)

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V. Livro I – Emílio ou Da Educação


[...] Nascemos fracos, precisamos de força; nascemos carentes de

tudo, precisamos de assistência; nascemos estúpidos, precisamos de

juízo. Tudo o que não temos ao nascer e de que precisamos quando

grandes nos é dado pela educação. Essa educação vem-nos da natureza,

ou dos homens ou das coisas. O desenvolvimento interno de nossas

faculdades e de nossos órgãos é a educação da natureza; o uso que nos

ensinam a fazer desse desenvolvimento é a educação dos homens; e a

aquisição de nossa própria experiência sobre os objetos que nos afetam

é a educação das coisas. Assim, cada um de nós é formado por três tipos

de mestres. O discípulo em quem suas diversas lições se opõem é mal

educado e jamais estará de acordo consigo mesmo; aquele em quem

todas elas recaem sobre os mesmos pontos e tendem aos mesmos fins

vai sozinho para seu objetivo e vive conseqüentemente. Só esse é bem

educado. Ora, dessas três educações diferentes, a da natureza não

depende de nós; a das coisas, só em alguns aspectos. A dos homens é a

única de que somos realmente senhores; mesmo assim, só o somos por

suposição, pois quem pode esperar dirigir inteiramente as palavras e as

ações de todos os que rodeiam uma criança? Portanto, uma vez que a

educação é uma arte, é quase impossível que ela tenha êxito, já que o

concurso necessário a seu sucesso não depende de ninguém. Tudo o que

podemos fazer à custa de esforços é nos aproximar mais ou menos do

alvo, mas é preciso sorte para atingi-lo (ROUSSEAU, 1999, p.8s).

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