quinta-feira, 11 de maio de 2017

O discurso filosófico por Marilena Chauí

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Experiência da razão e da linguagem, a filosofia é a peculiar

atividade reflexiva em que, na procura do sentido do mundo e

dos humanos, o pensamento busca pensar-se a si mesmo, a

linguagem busca falar de si mesma e os valores (o bem, o

verdadeiro, o belo, o justo) buscam a origem e a finalidade da

própria ação valorativa. Essa experiência, concretizada no e

pelo trabalho de cada filósofo, constitui o discurso filosófico

(CHAUÍ, 2009, p.12).






[...] uma primeira resposta à pergunta ‘O que é Filosofia?’

poderia ser: a decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as

coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, os

comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitálos

sem antes havê-los investigado e compreendido 

(CHAUÍ, 1995, p.9).


Não vemos nem ouvimos ninguém perguntar, por exemplo,

para que matemática ou física? Para que geografia ou geologia?

Para que história ou sociologia? Para que biologia ou

psicologia? Para que astronomia ou química? Para que pintura,

literatura, música ou dança? Mas todo mundo acha muito

natural perguntar: Para que Filosofia? [...] Em geral, essa

pergunta costuma receber uma resposta irônica, conhecida dos

estudantes de Filosofia: ‘A Filosofia é uma ciência com a qual e

sem a qual o mundo permanece tal e qual’. Ou seja, a Filosofia

não serve para nada. Por isso, se costuma chamar de ‘filósofo’

alguém sempre distraído, com a cabeça no mundo da lua,

pensando e dizendo coisas que ninguém entende e que são



perfeitamente inúteis (CHAUÍ, 1995, p.12).




O primeiro ensinamento filosófico é perguntar: O que é o útil?

Para que e para quem algo é útil? O que é o inútil? Por que e

para quem algo é inútil? O senso comum de nossa sociedade

considera útil o que dá prestígio, poder, fama e riqueza. Julga o

útil pelos resultados visíveis das coisas e das ações,

identificando utilidade e a famosa expressão ‘levar vantagem

em tudo’. Desse ponto de vista, a Filosofia é inteiramente

inútil e defende o direito de ser inútil. [...] Qual seria, então, a

utilidade da Filosofia? [...] Se abandonar a ingenuidade e os

preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar

pela submissão às ideias dominantes e aos poderes

estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do

mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido

das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for

útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para

serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja

a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos

dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os

seres humanos são capazes 

(CHAUÍ, 1995, p.16-17).

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