segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Sobre a minha ingenuidade política

            Com o aumento da informação através dos mais diversos meios de comunicação, as notas sobre os casos de corrupção ficam cada vez mais falados e atingem uma repercussão nunca antes vista. Ótimo. É assim mesmo que tem que ser. Mas só porque hoje o PT está na mídia não quer dizer que não existam outros casos, com outros partidos, acontecendo nesse exato momento. Talvez até piores, apenas mais bem camuflados.

            Falo isso com a tranqüilidade de alguém que hoje tem 27 anos e que viu e viveu a política desde muito cedo. Sou da cidade de Correia Pinto, do estado de Santa Catarina. Lá a corrupção sempre foi latente e aparente, antes mesmo do PT sonhar em ser o grande partido que é, o PMDB e o PFL já se revezavam em seus crimes contra o dinheiro da população. Numa cidade pequena, há quase trinta anos atrás, os políticos já davam aula sobre como enriquecer com o dinheiro público e também como favorecer familiares e amigos com esse mesmo dinheiro.

            Já naquela época, os escândalos eram descobertos pela oposição do momento e escancarados ao público, mas rapidamente abafados e não davam em nada, nenhum punido. Nenhuma cassação. Nenhuma conseqüência. Tudo era feito e pensado de forma a favorecer os aliados de situação.

            Então vejam caros leitores, minha ingenuidade política perdeu-se ali, muito cedo. Quando ainda na escola as crianças dividiam-se entre os pelegos e os colas brancas, PMDB e PFL, respectivamente. Ainda jovens e sem noção alguma de política, já discutíamos sobre a posição em que cada um estava. O pior é que depois de escolhido o lado, não havia volta.  Era preciso preparar-se para as conseqüências dessa escolha. Os dois partidos revezavam-se no poder e quem estava na situação mamava nas tetas da prefeitura, enquanto quem estava na oposição sofria o golpe de perder a mamata e ter que arrumar um “emprego de verdade”. Isso tudo durava até a próxima eleição, mas indiferente a quem assumisse o poder, o comportamento era o mesmo.  As portas se abriam para uns e estes davam um pé na bunda dos outros. Não restava pedra sobre pedra. Nenhum profissionalismo mantido.          

Haverá os que discordem, mas eu vi isso acontecer. Aliás, vejo até hoje o quanto a cidade está atrasada em desenvolvimento quando comparada a outras cidades da região e ainda mais a outras cidades de mesmo porte no país. Atribuo a consciência política que se enraizou na mente da população.

            Isso tudo dava-se entre os principais interessados em assumir o poder e toda a sua corja. Mas para a população que vivia a realidade a parte dessas brigas e partidarismos, a vida não mudava, só piorava. Era raro um prefeito e seus vereadores trazerem algum avanço para a cidade, mas quando acontecia, os próximos eleitos tratavam de desfazer.


            Hoje, com a maturidade de meus quase trinta anos e o conhecimento acumulado por ter visto outras realidades, pergunto, adianta alguma coisa o povo brigar entre si? Enquanto a população está desunida e ocupada em brigar por causa de partidos e candidatos, o que estão fazendo os políticos? Vamos abrir os olhos minha gente!

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