segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O motorista do carrinho cor de rosa

Estão sentados lado a lado na escada da porta de entrada da casa. Ela oferece a ele sua boneca Barbie e o convida para participar da brincadeira. Não tem mistério, vão trocar as roupas das bonecas, pentear seus cabelos, passear com o carrinho cor de rosa para lá e para cá. Ele não tem certeza se é correto participar dessa brincadeira em um universo rosa e tão isento de violência. Está acostumado com seus brinquedos violentos em tons de azul, suas espadas e vídeo games de lutas. Ele dá uma espiada para os lados a fim de se certificar que nenhum amigo da escola está nas redondezas. Barra limpa, pode bancar o motorista da madame.
Enquanto as crianças brincam, se aproximam delas os pais. O pai dele caminha lado a lado com o pai dela, quando ele vê o filho brincando de igual para igual com a menina, sente-se desmoralizado. Seu ímpeto é logo de dar uma dura no garoto. Menino não brinca de casinha e fim de papo. Mas ali, na frente do amigo, não pode dar esse vexame, precisa se controlar.
- Filho, vem cá! Vamos jogar um futebolzinho com o pai?
O menino só balança a cabeça em sinal de negação. Está gostando da brincadeira. O outro pai percebeu o desconforto do amigo. Só tinha essa menina como filha. Ao contrário dele, ele não sabia como era viver em um universo infantil que não contivesse o cor de rosa.
- Deixa disso filho, vamos fazer uma coisa de homem! – exaspera-se o pai do menino já sem muita paciência. Não teria um filho gay sem antes lutar para transforma-lo em homem.
            Novamente o garoto recusa a mudança de brincadeira. Seu pai perde totalmente a paciência.
            - Levanta logo daí e vamos para casa! Filho meu não tem dessas viadagens!
            Se o menino soubesse o que significava a palavra viadagem talvez até se sentisse ofendido, mas a única linguagem que conseguia compreender era a de que seu pai estava enfurecido somente por ele estar brincando com a sua amiguinha.
            A menina, que também estava gostando da brincadeira, usa de sua sensatez infantil:
            - Tio, não vai embora! Vem aqui brincar com a gente!
            O pai dela que não era bobo nem nada, aproveitou a deixa para esfriar os ânimos. Sentou ao lado da filha e praticou com delicadeza a arte de educar através do exemplo, sejam as crianças ou os adultos.
            O homem fica sem jeito ao ver o amigo tão à vontade com as brincadeiras da filha. Resistindo um pouco ele aceita participar também. O menino era o motorista do carrinho rosa e seu pai o mordomo, ela era a maquiadora e o seu pai seu modelo de testes.
            Quando já era noite e todos foram para casa, o garoto agradece ao pai pela diversão. Finalmente esse pai descobre que a cor de um carrinho ou o tipo de brincadeira não definem a orientação sexual de ninguém, pelo simples fato de que não se trata de uma opção. 

Estupro: de quem é a culpa?


            - Mas o que ela queria? Anda de saia e shortinho curto para cima e para baixo e usa aquelas blusas decotadas, tava pedindo para ser estuprada!
            - Quem respeita uma mulher que vive bêbada por aí? Claro que uma hora iriam estupra-la!
            - Se ela tivesse na igreja isso não ia acontecer!

            Poderia ficar aqui citando inúmeros dos comentários que já ouvi e li a respeito de mulheres que são estupradas, mas esse não é o objetivo deste texto. Em cada um destes comentários fica claro que para muitas pessoas as causas do estupro são as próprias mulheres, as vítimas, e não os agressores.  Um homem que comete um estupro É o criminoso e NÃO a mulher, independente da roupa que ela usar, da condição física, ocasião, crença ou qualquer outra coisa. Nada justifica um estupro. Não existe fator atenuante. A culpa é e SEMPRE será do agressor. Pelo número de pessoas que pensam o contrário disso, só posso chegar a conclusão de que vivemos em um país com uma sociedade predominantemente machista. Uma pena que muitas mulheres também estejam incluídas nessa posição.

            Não me considerava uma feminista, pois imaginava que o movimento tinha perdido sua funcionalidade após as mulheres terem adquirido muitos dos direitos que hoje desfruto, como voto, independência financeira e liberdade sexual. Porém há tempos atrás comecei a ter uma certa curiosidade pela origem do movimento e depois que li esses quatro livros (O complexo de Cinderela, As boas mulheres da China, O amor chegou tarde em minha vida e O mito da beleza) consegui estabelecer uma conexão da minha própria vida com o os pensamentos feministas e me senti parte deste grupo. Sim, agora eu me considero uma feminista.

            Para quem não sabe, feminismo é um movimento social, filosófico e político que luta por direitos iguais entre homens e mulheres. Evoluímos muito em relação a garantia de nossos direitos, mas ainda existe muito a ser consolidado. Dentre o que ainda precisa ser assegurado é a conscientização de que não precisamos nos sentir culpadas pelo fato de sermos mulheres e termos um corpo com curvas, que na cabeça de alguns homens e mulheres doentes, deve ser escondido ou disfarçado para não sofrermos molestações pelo simples fato de expô-lo.


            Somente por ser uma mulher, me comportar como mulher e usar roupas de mulher  não dou a ninguém o direito de me estuprar. Somente por ser uma mulher não dou a nenhum homem o direito de me espancar. Somente por ser uma mulher não dou a nenhum homem o direito de me ameaçar. Somente por ser uma mulher não dou a ninguém o direito de me dizer como devo ou não devo seguir minha vida.

Resultado da avaliação física N°2

Após 1 mês treinando, sexta (26/09) tive a primeira avaliação física.

Aumentei:
 3cm de coxas, panturrilhas e braços e quadril.
1cm de abdômen
300g de peso

Reduzi
1cm de cintura
2cm de ombros

O resultado de gordura corporal deve sair hoje, mas como não foi medido na avaliação n°1, quando comecei os treinos, não terei como comparar a evolução.

O objetivo desse segundo mês será reduzir gordura corporal, melhorar resistência física e cardiorespiratória, e correção postural (tenho escoliose). Vou pegar certinho a descrição dos exercícios para postar aqui, mas resumidamente fica como descrito abaixo.

O professor, Diogo, dividiu meu treino em 3, (A, B e C), sendo:

A: Exercícios para braços, costas e abdominais.
B: Exercícios aeróbicos intensos.
C: Exercícios para pernas e abdominais.


Daqui a um mês vou saber o que resultou dessa série de exercícios e conto pra vocês.

Como Pensa e Age a Geração Z

Segue aqui um texto bastante interesse que encontrei no blog http://claritybr.wordpress.com/2014/09/25/como-pensa-e-age-a-geracao-z/, quem gosta de informações sobre comportamentos e conflitos entre gerações, é bem bacana!
Como Pensa e Age a Geração Z
Primeiro haviam os “baby-boomers” ou grupo de pessoas nascidas após a segunda guerra mundial (aproximadamente entre 1943 e 1964). Depois veio a geração X que incluiu os nascidos na década de 60 até o final dos anos 70.
Em seguida tivemos a geração Y que se refere aos nascidos no período entre o final da década de 70 e o início da década de 90. Seguindo a simples ordem alfabética temos então a geração Z que contempla as pessoas nascidas no período compreendido pelo início da década de 90 até por volta de 2010, e é dela que vamos tratar neste artigo.
Vamos falar então sobre os seus filhos e filhas, ou talvez netos e netas. Eles parecem brotar na nossa vizinhança, se expressam através de polegares positivos ou negativos em conversas comumente baseadas em frases parcialmente construídas e abreviações constantes. Eles logo poderão estar trabalhando para você. Eventualmente, você poderá estar trabalhando para eles.
Esta é a geração Z que não conheceu o mundo sem a Internet, telefones celulares ou iPods.
Pode haver discussão em relação ao período exato em que a geração Z começa e termina, mas o que não se discute é o fato desta geração ser muito diferente das que vieram antes. Estamos falando atualmente de pessoas com idade de até 20 anos e que viveram suas vidas inteiras com o acesso instantâneo a montanhas de dados e informações, sobre todo e qualquer assunto, capazes de fomentar enormemente sua imaginação.
Ao mesmo tempo em que nasceram em um mundo altamente tecnológico também vivenciaram alguns eventos históricos que modelaram recentemente o cenário em que vivemos, tal como o 11 de setembro e as crises financeiras da década de 2000. Boa parte demonstra um maior senso de justiça, tendência à filantropia e alguma maturidade sobre temas de maior relevância para a sociedade atual.
Essa é uma geração quantitativamente grande e com elevado poder de influenciar e determinar o mundo em que viveremos daqui a 15 anos. Por isso a importância de entendermos melhor como pensam e agem as crianças e os jovens de hoje.

Entendendo a Geração Z

Eles preferem trocar mensagens de texto do que conversar com alguém. A invenção dos serviços de mensagens curtas ou simplesmente SMS (short message services) pode nos fazer pensar o quanto o telefone realmente seria importante se na época Graham Bell tivesse pensado em uma invenção para a troca de textos antes de uma solução de voz. Pesquisas realizadas mostram que as estatísticas de jovens que usam mensagens de texto só crescem a cada ano.
A razão por esta preferência pode estar na frequência, mais até mesmo do que na conveniência. Ao invés de desenvolver uma conversa face a face ou por telefone para cobrir diversos temas de uma só vez e por vários minutos, os jovens de hoje preferem uma comunicação mais curta e em partes só que com maior frequência. Isso determina uma característica crítica e marcante da geração Z: o feedback imediato. O hábito de obter a informação que desejam instantaneamente.
Quer saber quais as bandas que tocaram na última edição do Rock in Rio? Use o Google e descubra em menos de um minuto. Esqueceu quais os assuntos de matemática cairão na prova de amanhã? Mande um SMS para um colega de classe.
A época de deixar uma mensagem de voz ou enviar um e-mail e então esperar por uma resposta já acabou para esta geração, se é que algum dia fez parte da rotina dos seus integrantes. Eles precisam de informação agora e possuem ferramentas disponíveis para obtê-las.
Uma característica desta geração é ‘zapear’, ou seja, mudar de um canal para outro na televisão, ou ir da internet para o telefone, do telefone para o vídeo e retornar novamente à internet com naturalidade e sem qualquer tipo de dificuldade. Às vezes fazendo tudo isso ao mesmo tempo o que pode provocar falta de atenção ou fácil distração.
Por outro lado, se a geração Z aparenta ser super estimulada, bastante impaciente, então pense por um segundo nos desafios que ela é capaz de reconhecer no futuro. Desde que nasceram estas crianças ouviram falar dos riscos do aquecimento global, do terrorismo e das crises financeiras.
Este contexto trouxe como resultado um crescimento mais acelerado e o desenvolvimento de capacidades sensitivas mais apuradas, como por exemplo, uma preocupação espontânea com a estabilidade financeira de suas famílias, mesmo entre os mais jovens do grupo.
O curioso é que eles se veem como a solução para estes problemas e, como resultado, são mais propensos a perseguir carreiras que eles entendem poder contribuir para ajudar a sociedade. E por causa do seu uso onipresente das redes sociais, eles são ágeis e proativos para ajudar pessoas do seu círculo quando surge algum tipo de alerta sobre alguma necessidade de alguém. Este uso de tecnologias móveis os tornam mais disponíveis e interessados em ajudar solicitações oriundas de amigos.

Conflitos com Gerações Anteriores

Toda geração possui conflitos com uma ou mais gerações anteriores a ela. Suas roupas não parecem certas (ou são certas demais), sua música é muito alta, eles não parecem respeitar ninguém, etc. Quando Elvis Presley estourou nos EUA ele provavelmente provocou uma das maiores ondas de choque cultural entre gerações. Se estivesse vivo, Elvis teria hoje quase 80 anos de idade.
Isso significa que as coisas mudam muito mais rápido do que somos capazes de perceber, e raramente elas voltam a ser como eram antes. Os educadores estão na linha de frente enquanto ocorre a transição da geração Z para a adolescência e eles mesmo reconhecem que este é um grupo diferente.
Um dos desafios mais apontados consiste no fato de que com o fluxo constante de informações quando um jovem é desafiado a solucionar um problema de qualquer tipo, os estudantes de hoje procuram pela resposta mais rápida ao invés de tentarem solucionar o problema por conta própria. Trata-se um instinto natural de buscar rapidez ao invés de precisão ou consistência.
Talvez o maior desafio para os professores seja o fato de que eles precisam aprender a usar novas tecnologias forçadamente e depois de sua disseminação (ou seja, precisam correr atrás para se manterem atualizados), enquanto que os estudantes de hoje são nativos digitais, ou seja, as novas tecnologias são absolutamente intuitivas e lógicas para eles.
Quando olhamos para a geração Z dentro de suas casas, enxergamos estatísticas que apontam pais mais velhos. Os membros da geração X representam boa parte dos pais da geração Z. Na geração X as estatísticas de divórcio são elevadas assim como a frequência de trabalhar fora e permanecer pouco tempo em casa.
Na opinião de muitos especialistas, este absenteísmo dos pais pode trazer uma característica de criação que pode se tornar uma preocupação: os excessos. Atualmente a maioria dos pais demonstra um desejo de criar os seus filhos para que estes possuam uma elevada autoestima, mesmo que isso signifique abdicar de ações duras para corrigir atos falhos ou evitar apresentar desafios que possam estar (aparentemente) além das capacidades dos seus filhos.
A combinação entre esta independência adquirida naturalmente através das tecnologias móveis atuais e a obtenção deste senso constante de autoafirmação a partir do comportamento dos seus pais produziu um senso de direito ou de “poder fazer” na geração Z que pode ser visto como uma faca de dois gumes.
Eles podem possuir os recursos e a iniciativa para realizar as mudanças positivas que desejam mas podem falhar por falta de experiência ou consciência do quanto é necessário perseverar para alcançar o êxito que almejam.

Quando a Geração Z estiver no Comando

Pesquisas apontam estatísticas de que um em cada 4 brasileiros tem menos de 18 anos, ou seja, eles representam 25% da nossa população. Estatísticas semelhantes são vistas nos EUA e em outros países.
O que sabemos é que um dia o mundo estará nas mãos desta geração. A boa notícia é que aparentemente, a geração Z será capaz de fazer um bom trabalho. Além da capacidade tecnológica esta geração também se mostra mais capaz de encontrar os seus caminhos por conta própria. As crianças de hoje não demonstram precisar de direcionamento dos outros. Elas conseguem acessar a informação que desejam quando querem e normalmente encontram o que parece ser suficiente para opinar ou decidir sobre alguma coisa.
Enquanto outras gerações precisavam se apoiar nas opiniões dos pais ou professores para que algo fosse explicado e então aprendido, a geração Z não apresenta este tipo de dependência.
Se olharmos para o ambiente de trabalho, podemos ter certeza de que eles vão exigir flexibilidade. Quando os “baby-boomers” entraram para a força de trabalho, atuar profissionalmente durante a vida toda em uma mesma empresa desenvolvendo uma carreira era um sinal de sucesso.
Isso certamente não irá motivar a geração Z. Eles se verão como profissionais e freelancers permanentes. Eles irão mergulhar de cabeça na sua especialidade (todos eles serão especialistas em algo), participando de um projeto em que possam contribuir e colher resultados. Em seguida buscarão outro desafio, mesmo que não seja no mesmo emprego. Pelo menos é isso que pesquisas apontam quando se avalia como eles mesmos se veem.
Para concluirmos, vale a pena dizer que eles serão inteligentes – para alguns mais inteligentes do que as gerações anteriores. Isso em virtude da sua capacidade de processar quantidades generosas de informações, o que já está preparando-os para desempenhar no futuro trabalhos mentalmente mais desafiadores. Resumidamente, uma geração inteira está se preparando para lidar com tarefas mais complicadas.
Portanto, podemos nos preparar. Apesar de muitas vezes eles demonstrarem um comportamento um tanto egocêntrico, existem razões para acreditarmos que as crianças de hoje possuirão a inteligência e o senso de responsabilidade social para contribuir verdadeiramente com o mundo em que vivemos, de modo que nos esqueceremos dos seus cortes de cabelo ou comportamentos inadequados para padrões previamente estabelecidos.

Reflexões para quem Ensina e Emprega

O impacto destas características da geração Z já vem sendo sentido na pele por professores em sala de aula. Muitas tem sido as discussões, reflexões e os esforços para tentar transformar a sala de aula e sua experiência de ensino em algo mais adequado para motivar, manter a atenção dos alunos e garantir aprendizado. Isso obviamente passa pela capacidade de adaptação do professor, sobretudo em termos de linguagem e uso de tecnologias que já são parte da vida dos alunos permanentemente, dentro e fora da escola.
O que dizer então do ambiente corporativo? Qual o nível de flexibilidade que ele deve apresentar para receber, motivar e reter talentos da geração Z? Em muitas empresas já é possível detectar que a infra-estrutura tecnológica para se trabalhar (computador, smartphone, etc.) é menos avançada do que aquela que o colaborador tem em casa. Também existem em muitos ambientes corporativos restrições quanto ao uso de determinadas ferramentas de comunicação que fazem parte da vida dos mais jovens, o que também pode gerar conflitos.
Um grande desafio para quem emprega é saber agir para tratar de um quadro composto por 3 ou até 4 gerações diferentes, que não somente compartilharão o mesmo ambiente mas deverão trabalhar juntos em busca dos mesmos objetivos, mesmo que possuam características tão diferentes em termos de capacidades para o uso de tecnologias, níveis de maturidade, resiliência e anseios.
Fontes:
  • How Generation Z Works – Lance Looper

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Namorado

            Ela está sentada em uma cadeira na varanda da sua casa. Colocou sua melhor roupa, o perfume mais cheiroso, arrumou os cabelos e passou um batom. A mente sai da Terra e vai à Lua. Faz planos. Sonha acordada. O amor, ah, o amor! Deixa tudo tão mais colorido. A vida fica mais bela. Os sorrisos mais frouxos e os apaixonados mais cegos.
            Ele chega atrasado. Uma hora não é assim tanto tempo, saiu da casa da Glorinha para vir direto para a casa da Joana. Vida dura essa dos seus 20 e poucos anos. Sabia que a namorada ia brigar com ele por causa do atraso, da falta de banho e quem sabe, se percebesse, por ter sentido um leve cheiro de perfume de mulher. Mania besta da Glorinha de passar perfume para os seus encontros escondidos. Teria que passar uma dura nela, que não se repita. Antes de sair da casa dela deu uma conferida, com mordidas, arranhões, chupão e marca de batom, ele não precisaria se preocupar.
            Joana o recebe com beijos e afagos. Como era bom vê-lo. Seu dia agora estava completo. Era sua e ele dela. Felicidades eternas ao casal. Sente o cheiro do perfume, de mulher, e não era o da sogra. Cheiro de vagabunda!
            - Paulo, que perfume é esse na sua blusa?
            - Meu perfume novo, ué? - Responde ele muito despreocupado.
            - Deu pra usar perfume de mulher agora?
            - Sim, sou um homem sem preconceitos. Aceito muito bem as novidades e gosto de inovar. A palavra do momento é inovação, não sabia disso não?
            A namorada pondera, desconfiou que ele lhe pregava uma mentira e das bravas.  Paulo nunca usou perfume na vida, no máximo um desodorante e do tipo roll-on. Namoravam há anos, conhecia seus gostos e costumes, não podia ter mudado assim de uma hora para outra. Mas o amor, ah, o amor, cega, já falamos disso. Essa passou batida.  Afaga suas costas e o convida para entrar em casa. Abre a porta para ele e o segue. Nas costas de sua camisa está escrito com lápis de olho, em letras garrafais “TRANSEI COM GLORINHA ANTES DE IR NA SUA CASA” e logo abaixo vinha a frase “JOANA CORNA”. Ela fica estática. Abre e fecha a boca umas duas vezes. Não consegue expressar nenhuma palavra. O mundo parou e alguém puxou o tapete de debaixo dos seus pés.
            - Paulo Ricardo Amorim, o que é isso escrito nas costas da sua camisa?
            - Tá louca Joana, não tem nada escrito aí atrás! A camisa é sem estampa. – rebate ele.
            Joana é enfática, tem algo escrito nas costas da camisa dele. Leva-o até em frente a um espelho, ele se torce todo de modo a enxergar a escrita. Ele viu e negou o que viu. Maldita Glorinha.
            - Não tem nada aí Joana! Você e suas paranóias. To ficando de saco cheio disso!

            Ela não pode acreditar nas palavras dele. Louca? Vamos ver quem é a louca. Faz com que ele tire a camisa, praticamente lhe esfrega os dizeres na cara. Ele segue negando. Coisas de sua cabeça neurótica, rebate ele. Seguem a discussão por longos minutos. Joana cansa. Deve ser tudo coisa de sua cabeça mesmo. Paulo não seria capaz de mentir assim tão descaradamente para ela. Tudo tem limite. Precisava procurar um médico com urgência. Mas isso faria outro dia. Agora cuidaria de namorar um pouco, pois o amor e seus sintomas vem antes de tudo, até do bom senso e amor próprio. 

Onde está o meu colar

            - Garoto, volta aqui! Me responde, onde está o meu colar? – grita a mulher enquanto com um puxão de orelhas suspende o menino do chão.
            - Você tá louca mãe? Quer desgrudar minha orelha da cabeça? Vou chamar o conselho tutelar e você vai presa! Conheço meus direitos. – o menino protesta e fundamenta de forma brilhante seus argumentos.
            A mãe entra em choque e cede. O garoto sumiu com seu colar, mas que importância tem isso? Embora endiabrado, respondão e arteiro, ele é apenas uma criança. Já ela, o que é ela? Nada além de uma criminosa agindo de forma violeta para com o seu próprio filho.Uma pobre inocente e indefesa criança! Vai para o inferno, não tem dúvidas, e se bobear para a cadeia também. A educação mudou de nome e endereço.
            Enquanto a mulher se corrói em remorsos, o menino já está longe, fugiu para o quarto. Dá uma espiada em direção a porta para se certificar de que a mãe não veio atrás dele, não pode correr o risco de ser pego em flagrante. Tira o colar de pérolas do bolso e o guarda escondido na última gaveta de sua cômoda. Tem planos ousados para usa-lo no futuro. Outro dia assistiu a um filme onde um garoto de sua idade estoura um colar igual a esse da mãe e espalha as bolinhas pelo chão, fazendo um adulto deslizar sobre elas e estatelar-se pelo chão. Muito divertido, teria que fazer igual. Pouco lhe importa se no cinema usam pérolas falsas e o que tem em mãos são verdadeiras. Os fins justificam os meio, em nome da arte é preciso que haja algum sacrifício. Estava tudo jutisficado.
            Absolutamente consumida pela culpa, a mãe entra no quarto e se aproxima do filho. Pede desculpas, jura que nunca mais vai trata-lo de forma tão cruel e desumana. É uma péssima mãe e tem consciência disso. Ele pode lhe pedir o que quiser, ela lhe dará de bom grado e coração aberto. Ele é um bom menino. Ela o ama. Que façam as pazes. O garoto faz cara de quem está considerando a proposta, muito embora achasse o puxão de orelha coisa pouca perto do que pode vir pela frente, não era possível que aceitasse assim tão rápido a proposta da mãe. Há que se fazer de difícil. Está com a faca e o queijo na mão. A constituição está do seu lado. Não é coisa pouca. Faz caras e bocas. Coloca o dedo no canto dos lábios, como quem diz, não me interrompa,estou a pensar. Até que finalmente se pronuncia:
            - Você foi malvada, mas se fizer um brigadeiro agorinha mesmo, sou capaz de lhe perdoar.

            A mãe sorri. Estava preparada para chantagens piores. Um vídeo game novo ou coisas do gênero. Ela conhecia muito bem o filho que tinha, não era exatamente flor que se cheirasse o danado. Ai, meu Deus! Lá estava ela de novo a fazer mal juízo do filho. Não, não. O menino era um santo, ela a criminosa. Deus que a perdoasse. Não queria ir para a cadeia, digo, para o inferno. Se em matéria de mães diz-se que estas não se enganam jamais, então ela era a exceção. Para o bem da constituição, conselheiras tutelares e orelhas descoladas, não se falou mais nisso.

Uma mulher prevenida

              Sol ou chuva? Frio ou calor? Na região metropolitana de Porto Alegre, se depender do clima,não dá para saber o que vestir ou o que programar para o final de semana. Tudo é possível. Inclusive, todas as possibilidades podem acontecer em um único dia e aí é torcer para que a saúde seja de ferro!
            A previsão do tempo para este final de semana é de frio e chuva, levando em consideração que na semana passada tínhamos a mesma previsão e passamos calor em dias muito ensolarados, não sei se acredito.
            Essa ligação do homem com o clima e a necessidade de saber das coisas com antecedência me intrigam. Há sempre uma vontade de estar precavido. Um homem prevenido vale por dois! Mas por quê exatamente isso acontece? Talvez seja por puro instinto de sobrevivência, divagações a parte, o significado da palavra vem do latim e se refere ao ato e ao efeito de prever, que nada mais é do que conjecturar o que vai acontecer através da interpretação de indícios ou sinais. Levando a coisa para o lado místico, fica até bem interessante.
Será que existe alguma pessoa que jamais tenha apelado para uma previsãozinha do seu futuro, através das cartas, bola de cristal,búzios estrelas ou qualquer outra coisa do gênero? Se existir, será que ela nem ao menos sentiu curiosidade em saber o que lhe esperava mais lá para frente?
            Não sou mística e não acredito em previsões esotéricas. De vez em quando, e só por via das dúvidas, dou uma olhadinha secreta no meu horóscopo e sei a descrição completa do meu signo do zodíaco. Sabe como é, uma mulher prevenida vale por duas!

De volta aos treinos

Após praticamente dois anos sem pisar em uma academia, no fim de agosto retornei aos treinos. Dessa vez o Fernando está pegando junto e participando da rotina. Apoio é sempre bem-vindo. Fechamos um mês de atividades físicas e os resultados já são perceptíveis. Muito mais disposição física, melhorou o fôlego e o estresse também baixou. Ainda não sei se meu peso aumentou ou diminuiu e nem como estão minhas medidas (hoje é o dia da minha avaliação física #medo kkk), mas só pelos efeitos citados anteriormente, já valeu a pena cada gota de suor.
Para ajustar a nossa rotina com os treinamentos, precisamos mudar alguns hábitos, principalmente a alimentação. Substituímos os jantares compostos de massas com muito queijo ralado por frango com batatas ao forno. Essa mudança foi bastante prática pois antes de seguirmos rumo a academia preparamos a receita e colocamos para assar, ao retornarmos para casa já está tudo pronto e é só comer. Para duas pessoas que chegam exaustas em casa, ser recebidos com um cheirinho de comida é maravilhoso!
No início estávamos usando como carne coxa e sobrecoxa e batatas inglesas, mas a comida ficava bastante gordurosa. Agora experimentamos usar peito de frango e batata  doce. Alguém pode perguntar,porque não fizeram isso desde o começo? Ao que respondo, porque pensamos que a comida ficaria muito seca, mas nos enganamos, o peito de frango ficou no ponto e as batatas doces surpreenderam pelo sabor. Recomendo. Preconceito vencido.
Além disso estamos comendo mais vezes durante o dia. Eu optei por ingerir de 4 a 5 porções de frutas no decorrer do dia e tomo de 3 a 4L de água. Quando meu colesterol e triglicerídios estavam bastante alterados, procurei um endocrinologista que me recomendou essa reeducação alimentar, por isso tento seguir, pois funciona mesmo. O Fernando é mais resistente à troca de hábitos alimentares e por sua vez não gosta muito de frutas, saladas e verduras, então os sanduíches de pão integral que ele está levando de lanche já são uma grande evolução. Deixemos assim.
Considero que o importante é dar o primeiro passo para melhorar a qualidade de vida, que é o nosso objetivo. Conforme as coisas forem evoluindo novas metas serão traçados, mas no momento tudo que almejo é voltar a correr 30minutos na esteira. 

A importância do cafezinho

            O pessoal acordou cedo e ainda está com o mal-humor que se manifesta todas as manhãs, exceto às sextas-feiras, finais de semana ou feriados. Os olhos mal se mantêm abertos. Os cumprimentos são meros balbucios quase inaudíveis de bom dia. Alguns se limitam a somente balançar a cabeça. Não há força nem para falar. A copeira que serve o cafezinho é a pessoa mais esperada das primeiras horas do dia.
            O café vem quente e forte. Energia pulsante para ser ingerida. As manhãs não seriam tão produtivas sem a sua presença.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Almoço no refeitório da empresa

             O povo sabe das coisas. A força da opinião da massa humana que labuta diariamente em nosso país é implacável. Em sabedoria só abaixa a cabeça em respeito ao excelentíssimo Sr. Joaquim Barbosa, um homem que sabia das coisas e também sabia fazer direito. Um advogado, não faria outra coisa melhor. O país está sedento por justiça e seus justiceiros, uma pena o homem ter corrido da política (ou quem sabe correram com ele?). Já estaria  eleito a essa altura do campeonato. O que de certa forma seria uma pena, pois muitos debates políticos teriam sido extintos, e as boas brigas de palavras para as horas de tédio em que os cidadãos são expostos diariamente, ficariam vazias. Uma vida muito sem graça.
            O povo é culto e exigente, disso todo mundo sabe e é redundante repetir. Se em casa come pão com margarina, come porque quer, ninguém lhe impõe nada. Já na empresa onde trabalha, está pagando, vale lembrar, a comida tem que ser de primeira. Ora vejam, a salada está mal lavada. O arroz duro e o feijão queimado. O bife, não é preciso nem comentar tamanha a dureza. Pois é disso que falo, o povo não quer comer carne de segunda, conheceu o gosto do filé mignon e não quer regredir no âmbito do paladar. Ora pois se é pela barriga que se conquista um marido, já se dizia antigamente, não seria diferente para conquistar a satisfação de um bom funcionário. Não se deve economizar com a comida.
            Mas cá para mim, que gosto de polêmicas e de escrever sobre elas, a satisfação humana completa e absoluta é um jardim do Éden muito bem escondido, e que desconfio eu, de localização impossível de descobrir. O fato é que a qualidade da comida servida no refeitório da empresa pode ser motivo para protestos e motins. Imagine, funcionários trocando comentários a boca miúda, em sussurros quase inaudíveis, “você comeu aquele bife hoje? Meu Deus, acho que vou passar mal.” Ao que se responde em tom igualmente baixo “Não acredito que ainda pago por esta comida”. O gerente chega e o bolinho se afasta, os rebeldes se dispersam, mas não sem antes trocar uma piscadela em caráter de cumplicidade. Pior ainda é quando começam a circular e-mails sobre as idéias dissidentes dos grupos revolucionários que pleiteiam uma guerra em favor da troca de mando de cozinha, saiam as cozinheiras ruins e entrem as boas.

            Pelo bem da normalidade dos trabalhos, digo, da democracia, o gerente responsável pela queda ou ascensão de novas cozinheiras, cede. Ele já viu o povo rebelar-se centenas de vezes e outras tantas se acalmar, para depois se rebelar novamente em prol da causa gastronômica, já não se assusta mais. Combinou com as cozinheiras um plano de ação estratégica. Saiam daqui, mudem o estilo das roupas e o corte de cabelo, tirem uns dias de férias e depois voltamos a conversar. Um homem sábio esse gerente. Ele sabe que com o povo não se brinca, mas é possível enganar. Ninguém reclama, até gostam. Sabe como é, precisa de assunto para os encontros na mesa do cafezinho. 

A fila do relógio ponto

          Acordam cedo. Colocam seus uniformes e vão trabalhar. A maioria vem os ônibus que a empresa freta para o transporte dos funcionários. Entre os sacolejos do translado alguns dormiram. Um exército enfileirado de sonolentos se acumula ao lado do relógio ponto. Enquanto esperam para adentrar ao seu campo de batalhas, os nobres soldados industriais fazem demonstrações de seus vastos conhecimentos políticos, econômicos e sociais. Em seus comentários eruditos ninguém é poupado. Argumentam contra e a favor desde à postura da presidenta Dilma frente aos conflitos com os rebeldes na Síria até a qualidade da limpeza dos banheiros de uso comum. São juizes implacáveis.
            Sobre as eleições as opiniões se dividem, a única unanimidade é a de que todos têm opiniões. Um salve à democracia. Aécio merece ganhar porque é ele quem vai manter as indústrias brasileiras funcionando e será o santíssimo intercessor que trará os investidores do setor privado para depositar seu sagrado dinheiro em nossa terra. Ao mesmo tempo será um sacrilégio se este mesmo Aécio assumir o poder supremo, pois acabará com todos os direitos do povo a ferias, FGTS e aposentadoria. Um terror, um terror. Retornaremos ao tempo da escravidão com Aécio. Tirem o mineiro do páreo.
            Marina é a pobre menina que dividia um ovo com os irmãos enquanto os pais passavam fome. Coitadinha, bem seria merecido que assumisse a presidência para novamente uma mulher assumir o comando e não perdermos a originalidade de a chamarmos de presidenta. Mas aparenta fragilidade e o povo não gosta de gente fraca. Ela não terá o pulso firme o suficiente para assumir um cargo tão importante, defendem algum. Deve-se dizer  que esses mesmos argumentadores tão convictos de sua fraqueza são os mesmos que se emocionaram, talvez até tenha escorrido uma lagrimazinha, quando Marina, a menina magricela, falou sobre o ovo e cebolas em seu horário eleitoral. O povo e seus conflitos internos.
            Resta Dilma, a poderosa. Ninguém quer o PT, mas todos querem os incentivos e donativos que eles proporcionam ao povo. Grave questão. Perfeita seria uma mudança no nome do partido. Não gostam de Dilma, mas ela fala forte e passa convicção. Como seria para o pobre povo passar quatro anos sem sua intervenção. Assumiria o poder a turma de Aécio com suas chibatas a descerem sobre o lombo do trabalhador? O medo. Ah, o medo! Quer manter um ser cativo, imponha-lhe o medo de mudar. Pois então que fique a Dilma, pelo menos dela já sabemos o que esperar. Chega-se finalmente a um consenso.
            Assim, nesses cinco minutos que antecedem o som ensurdecedor da sirene que avisa aos soldados que já é momento de assumir seu posto e começar sua produção, é possível ao cidadão mais desinformado inteirar-se de política e tantas outras mazelas importantes para a vida e o bom convívio social. Rende o assunto. Da fila é possível tirar conversa para um dia todo de trabalho, posto que seria impossível iniciar um debate tão emocionante e perpetuá-lo por meros cinco minutos.

            Quer ficar bem informado? Esqueça o Jornal Nacional. Chegue cedo às redondezas do relógio ponto. Espiche suas orelhas e delicie-se com a fartura de entretenimento.

5 dicas para manter a serenidade na reta final de 2014

O ano de 2014 está passando rápido e de forma intensa. Quem trabalha na indústria percebeu o forte impacto da desaceleração econômica do país, refletindo-se em estoques cheios e vendas modestas. Os trabalhadores, é nessa classe me incluo, sentiram na pele o efeito da inflação ao fazer compras no supermercado, o dinheiro gasto nas compras do mês passado não foi suficiente para adquirir os mesmos produtos no mês atual.
Por deixar boa parte do salário na conta do supermercado, evidentemente todo mundo colocou o pé no freio. O consumo doméstico que mantinha a economia crescente brecou. Conseqüência disso foi o fechamento de vários pequenos e médios comércios, e também de indústrias desse mesmo porte, aqui no Vale dos Sinos (RS) vi de perto essa realidade. Fico um pouco preocupada com os ventos e tempestades que talvez venhamos a enfrentar pela frente, dentre eles a queda de empregos, aumento da inflação e juros cada vez mais altos.
Vejo os noticiários alardearem que o nível de confiança do brasileiro anda em baixa e o pessimismo crescente. No meu universo particular vejo isso como absolutamente natural, ainda mais em ano eleitoral. As notícias sobre economia são em sua maior parte ruim, o povo está com pouco dinheiro no bolso, além de tudo super endividado, e morrendo de medo de errar na hora de escolher o novo presidente. A ansiedade cresce.
Para manter a tranqüilidade nessa reta final do ano, deixo aqui cinco dicas que vão ajudar a aliviar o estresse e dar um fôlego para tomar as melhores decisões durante a eleição.

1- Nas eleições o poder está em suas mãos
            Preste atenção às propostas de seus candidatos, aos partidos dos quais ele é aliado e as afinidades políticas que ele possui. Um candidato sozinho nada faz, precisa de apoio para aprovar suas idéias, em contrapartida, precisará apoiar as propostas de quem lhe apoiou. É um toma lá da cá. Fique de olho! Se  política hoje precisa melhorar, não vote nos mesmos, mude.

2- Evite dívidas
            O ano está acabando e com ele vem o 13° salário e para muitos chegam também as  férias, um dinheiro extra que vai entrar, mas não gaste tudo! Dê prioridade ao pagamento de dívidas e se possível poupe. Assim entrará em 2015 sem ter estourado o cartão de crédito e preocupando-se com dinheiro para pagar as contas dos meses que virão.

3- Fuja de conflitos
            Nessa época do ano já estamos todos cansados do trabalho acumulado ao longo dos meses, a paciência fica por um fio. Por isso, fuja de situações de conflito. Não é momento de desgastar-se por conta de picuinhas do dia a dia. No trabalho resolva o que precisa ser resolvido da forma mais imparcial possível, deixe os comentários desnecessários de lado e corra das fofocas! O ambiente ficará mais saudável e sua saúde emocional agradecerá.

4- Pratique exercícios físicos
            A rotina está puxada e a mente cansada, mas chegar em casa e atirar-se no sofá não vai aliviar as tensões do dia. Uma atividade física fará bem a sua saúde física e emocional. Praticar musculação, corrida ou qualquer outro esporte de que goste, vai ajudar a esvaziar a sua mente, lhe deixar mais relaxado e bem disposto para encarar a rotina do outro dia.

5- Seja compreensivo
            Você está cansado, exausto e talvez muito estressado, mas lembre que as pessoas ao seu redor estão sentindo esses mesmos sintomas, então seja compreensivo com elas, todo mundo está no mesmo barco e precisam continuar remando juntos. Se alguém foi ríspido ou grosseiro sem necessidade, respire fundo, processe a informação recebida e transmita sua resposta da forma mais calma que puder. Pois se você foi capaz de perceber o desequilíbrio emocional da outra pessoa, é sinal que está mais tranqüilo do que ela. Use a sua calma para acalmar o outro. Isso vale para o ambiente de trabalho e também para o familiar.


A todos desejo muita força e energia para encarar com coragem essa reta final de 2014!

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

As 7 coisas que aprendi com a obra de construção da minha casa

Há dois anos o Fernando (meu marido) e eu adentramos na mata selvagem e desconhecida da construção civil, para nos aventurarmos no projeto e execução da nossa casa. Os sonhos eram muitos, as expectativas gigantescas e a assessoria que contratamos para nos ajudar-nos nesse desbravamento, decepcionante. Um colega disse uma vez que uma pessoa só consegue atingir o seu ideal de casa perfeita em sua terceira tentativa de construção. Seja por acúmulo de experiência ou pela aceitação de que nada é perfeito mesmo, talvez ele esteja certo. Mas fica aqui exposta a minha experiência pessoal nessa atividade iniciada em 2012 e agora em fase de conclusão!

1- Conheça seu estilo e defina com muita clareza o que quer e o quanto pode pagar
Recomendo que os proprietários do futuro imóvel façam muitas pesquisas por conta própria antes de procurar o arquiteto ou o engenheiro civil que vai lhes assessorar. Tenha em mente quanto dinheiro poderá desembolsar para a construção. Conhecendo os seus próprios gostos, estilo e quantidade de dinheiro disponível, vai ser mais fácil explicar ao profissional aquilo que esperam do imóvel e ele vai poder orientar e criar um projeto que busque atender de forma realista às suas expectativas, além de pensar no conforto e praticidade que esse estilo de vida almeja. A interação vai ser muito mais proveitosa. O risco de decepção e reforma logo após a conclusão da obra será menor.

2- Busque os melhores profissionais
O sentimento de ansiedade que precede o assentamento do primeiro bloco de tijolo em uma construção é gigante, mas a vontade de ver a casa pronta rápido não pode ser maior do que o tempo dedicado ao planejamento de todos os detalhes. Por isso é fundamental encontrar o melhor profissional para firmar a parceria da obra, pois serão longos meses de trabalho em conjunto, além de uma boa quantidade de dinheiro e tempo investido. Dê preferência aos profissionais que seus amigos ou conhecidos tenham recomendado. Caso não tenha indicação de nenhuma pessoa próxima e precise buscar por empresas desconhecidas, peça para ver seu portfólio de trabalho, visite obras onde ele esteve envolvido e, se possível, converse com as pessoas para quem ele prestou serviço. A opinião de quem usufruiu seus serviços é importante para que você possa fazer suas próprias escolhas. Uma busca na internet para verificar se a empresa ou profissional tem alguma reclamação na rede ou mesmo se possui algum processo contra ela em andamento, também contribuem para a escolha.

3- Não economize no tempo do projeto
Agora que você já sabe o que quer e já tem o melhor profissional para fazer o seu projeto, não meça esforços para escolher a idéia que mais se aproxima do seu ideal. Não tenha pressa em escolher o projeto e nem em aceitar a primeira idéia que lhe apresentarem. Se você teve a sorte de receber uma jóia logo no primeiro desenho, ótimo! Mas se acha que tudo o que tem em mãos é um diamante bruto, não tenha vergonha e nem se sinta constrangido, debruce-se sobre uma mesa e analise todos os detalhes do projeto junto ao responsável por ele, peça explicações, solicite modificações, exija o melhor serviço, lapide a sua pedra. Os detalhes são muito importantes, por isso coloque a imaginação em prática e pense como seria viver dentro daquela casa proposta pelo arquiteto, você conseguiria ficar bem lá? As áreas de circulação são suficientes? Os espaços dos cômodos são os melhores para você e seus objetos? Existe projeto hidráulico e elétrico? Esses dois tipos de projeto não são exigidos e quando prontos nem vão ficar aparentes, mas assim como o projeto estrutural, eles são importantíssimos para os moradores. Ter esses projetos em mãos facilita possíveis reparos nas redes elétrica e hidráulica sem precisar quebrar um monte de paredes aleatoriamente até encontrar um cano de água ou de fios. Questione muito e só pare quando se sentir seguro de que suas dúvidas foram resolvidas.

4- Fiscalize a obra
        Projeto pronto e construtora contratada, as obras começaram. Fiscalize. Não importa se você não tem formação em nenhuma área da construção civil ou nunca pisou numa obra, é importante estar presente em todas as etapas da construção e verificar se o trabalho está saindo de acordo com o planejado (você tem o projeto em mãos e o arquiteto já lhe explicou cada detalhe, lembra?), se não estiver, reclame com o responsável pela obra e peça alterações. Não se intimide com argumentos como é assim mesmo e não tem jeito, ou então, até o final da obra vai ficar diferente. Você está pagando e contratou um serviço que lhe garantiu que tudo estará de acordo com seu desejo, exija que este serviço seja entregue. Verifique se os profissionais estão de fato trabalhando, obras são contratadas com prazo e cronograma de etapas  para entrega, acompanhe a evolução desses passos, sempre peça satisfações sobre atrasos. Se você mora de aluguel, como foi meu caso, isso terá um significado enorme, pois cada mês de atraso na entrega da obra, significa um gasto extra com aluguel. Pequenas alterações podem ocorrer durante o trajeto da construção, mas grandes desvios são inaceitáveis, você tem direitos e se agarre a eles. Tire fotos com data no momento do registro durante todas as etapas da construção, se algo vier a debate ou precisar ser resolvido via judicial, você terá provas que darão respaldo as suas reclamações.

5- Fiscalize as despesas
Existem várias formas de contratar uma empresa de construção civil, no meu caso, o contrato foi fechado de forma a contemplar os custos de projeto, execução e material. Queríamos simplificar nossa vida, pois não tínhamos tempo livre para acompanhar a obra e nem queríamos nos incomodar com essa chatice, pensávamos apenas no dia em que receberíamos a casa pronta. A dor de cabeça foi imensamente maior do que se tivéssemos acompanhado a obra diariamente. Aos poucos começaram a aparecer distorções em valores contratados, despesas extras e poucos acertos quanto os valores a ser pagos versus material utilizado, visto que estavam divergentes do contrato. Ou seja, fique de olho em seu dinheiro. Faça um contrato muito detalhado da quantidade e qualidade dos materiais a serem usados na construção, bem como dos seus valores e certifique-se de que tudo o que foi contratado é o que está recebendo. Se possível, antes de assinar, peça a um advogado para revisar o contrato proposto pela construtora e solicite que ele lhe explique em palavras claras o que tudo aquilo significa, caso discorde de algo, não assine! Peça alterações, inclusões ou exclusões de cláusulas. O segredo, mais uma vez, é não ter pressa na negociação. Após o contrato assinado e a obra em curso, resta apenas ficar atento se está recebendo pelo que pagou.

6- Os acabamentos fazem diferença
        Sim, os acabamentos de pisos, paredes e iluminação fazem toda a diferença em uma casa! Se seu orçamento comportar, escolha revestimentos que você realmente goste, não economize nessa parte, pois depois de colocados, eles ficarão expostos por longos anos até uma possível reforma. Vale a pena investir.

7- Um exercício de paciência
            Se você conseguiu realizar todas as etapas da obra sem ter tido nenhum colapso nervoso, parabéns, ou você é um alienígena ou aspirante a monge budista! Estresses são absolutamente normais e mais recorrentes do que qualquer proprietário gostaria que fosse. Sejam pelos atrasos no cumprimento de prazos, entregas, despesas, revisões de projeto, envolvimento com a fiscalização, controle de custos, e tantas outras coisas mais! Não faltarão motivos para que você perca seu equilíbrio emocional, mas ainda que pareça impossível, tenha paciência. Sua casa é o lugar onde você encontrará refúgio e aconchego, construirá planos e abrigará sua família e amigos. Então, respire fundo e pense que trata-se somente de uma fase, em algum momento a casa ficará pronta e nela você desfrutará de inúmeros bons momentos. Concentre suas energias no objetivo e não nas frustrações, por vezes você pode até perder a calma, mas relaxe, uma hora a obra acaba!

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Despedidas

Ao longo da vida vamos colecionando relacionamentos, alguns duradouros outros nem tanto. Mas toda pessoa que passa por nós acaba nos influenciando de alguma forma, deixa uma marca, e essa impressão carregamos conosco para sempre.Consciente ou inconscientemente.
Essa semana confrontei-me com duas despedidas bastante distintas. Uma delas foi um até logo para um colega de trabalho muito querido, que se despede da nossa equipe de trabalho para ir em ao encontro de outra oportunidade profissional. É um momento feliz, pois existe nessa mudança uma promessa de novos e melhores ventos para a sua navegação profissional e pessoal. A despedida foi repleta de risos e juras sinceras de mantermos contato. Haverá um depois. Podemos planejar parcerias lá para frente. Existe um futuro.
Por outro lado, a outra despedida de que falei, refere-se a um adeus sem promessas de amanhã. Trata-se da morte. O falecimento de um amigo muito especial, mexeu com minhas emoções, me fez refletir nesses conceitos de vida e de morte, e também nos planejamentos que os seguem. O tema é batido, a morte é a única certeza da vida. Porém, não pensamos nela com frequência, inclusive, procuramos evitar o assunto, não faz bem, atrai, dizem alguns. Por minha vez, penso que é necessário pensar na morte e em sua eminência tanto quanto planejamos os passos que daremos durante a jornada de nossa vida. Parece-me que ao encararmos a vida como algo eterno onde poderemos fazer planos contínuo sem interferência alguma das situações do acaso, perdemos um pouco da sensibilidade humana de desfrutar os momentos do presente. As tão faladas pequenas coisas que dão grande sentido à vida, arrisco dizer, na verdade são as grandes coisas que dão sentido a nossa tão pequena e breve vida.
Na juventude a única preocupação é aproveitar a vida, curtir os amigos e desfrutar de todos os momentos possíveis, como se não houvesse um amanhã. Ao passo que à medida que envelhecemos, vamos carregando nossa mente com cobranças e expectativas, sejam sobre a família, profissão, dinheiro ou outras tantas preocupações, que nos esquecemos que na verdade o amanhã pode não existir. Se quando jovens excedemos os limites por querer tirar da vida o máximo que se pode de uma única vez, quando mais velhos, o excesso está em querer evitar os riscos e controlar tudo, como se isso fosse possível.
Ninguém controla a vida ou a morte. Somente temos o momento presente, é nele que estão todas as coisas e pessoas de que precisamos. É preciso valorizá-las nesse tempo. Cada dia deveria ser construído como algo único e muito especial, talvez seja o último. É uma dádiva estar vivo para aproveitá-lo. Passando por esta despedida sem volta de meu amigo, jamais esquecerei do nosso derradeiro encontro, no quarto do hospital onde ele estava internado. Acabara de sair de uma cirurgia complicada, remoção do intestino. Teve necrose. Problema grave ocasionado principalmente pelo fato de fumar há anos. Estávamos otimistas, ele melhorava a cada dia. Os médicos em suas previsões não haviam lhe concedido 24h de vida, ele já lutava a 5 dias. Não queria morrer, queria viver. Eu acreditei nele e em sua vontade de agarrar-se a essa nova chance para mudar seu estilo de vida. Conversamos por uma boa meia hora e no instante de despedir-me prometi que voltaria ainda no fim de semana para vê-lo. Visitei-o no domingo, no velório. Não conversamos uma segunda vez. Falência múltipla de órgãos na madrugada de sábado para domingo. Sigo minha vida com o peso dessa promessa quebrada. 
Em meio às reflexões sobre a fragilidade da vida e dos lapsos de dor que surgem em meu peito a cada vez que lembro desse grande amigo, não são poucas as vezes, levarei comigo a certeza de que o único momento para vivermos é o agora. Todo o resto é bobagem. É importante pensar no futuro, traçar um norte,  ter objetivos e buscar alcançá-los. Mas frustar-se, machucar pessoas, medo de mudar, isso não deveria estar no roteiro. Pois parafraseando o coerente e certo pensamento eternizado por Renato Russo, é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, pois se você parar para pensar, na verdade não há.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O anonimato seduz.


O anonimato seduz. O homem de máscara, misterioso e incógnito assume o poder de fazer coisas e realizar atos que com o rosto descoberto não seria capaz. Ele joga bombas, depreda e é capaz de cortar pescoços. Tudo em nome de uma causa maior. Os fins justificam os meios. O homem sem identificação liberta seu lado mais sombrio e faz ameças. Promete matar mais vezes. Jura exterminar todos os que dele pensam diferente. Em seu estrelato anônimo em um vídeo cruel exposto na internet sente-se forte. Imbatível? Depende. 
Por minha vez penso que ser forte é ter autocontrole e saber perdoar aqueles que nos maltratam ou discordam de nossas opiniões. Isso sim é difícil! Xingar, matar, isso é coisa para qualquer um. 
No programa Fantástico de ontem (22/09/2014), vi a história do jovem brasileiro que alistou-se para o exército, se é que assim pode ser chamado, do Estado Islâmico. Fiquei chocada. Não por se tratar de um brasileiro a entrar em uma guerrilha cujos ideais são um tanto, para não dizer muito, controversos. Mas sim por verificar que ele, quem sabe assim como tantos outros que seguem pelo mesmo caminho, em busca da sua paz de espírito e ideal de vida, optam em causar a desgraça e morte de tantas pessoas.
Não é de hoje que sabe-se que a geração de jovens que aflora na nossa sociedade tem baixa tolerância a frustração. Augusto Cury explora o tema em muitos de seus livros e ontem mais do que nunca lhe dei razão. Esse jovem, na época com 17 anos, não supera a ideia de ter sido rejeitado no clube de futebol onde jogava. Frustra-se. Em meio ao seu caminhão de pensamentos deteriorantes afunda-se no vazio das lamentações. Encontra sua tábua de salvação em meio a religião e nela junta-se ao grupo de pessoas, que assim como ele, precisam de um sentido para sua vida. Querem ser heróis. Os rebeldes dessa guerrilha lhe incutem o sentimento de que podem conquistar aquilo que desejam lutando por um ideal maior. Em palavras menos lustrosas, matando pessoas que lhe contrariaram. Jovens sem auto-estima recebem o livre arbitrio para praticar vingança. Eu não sei o que esses jovens pensam enquanto cometem seus atos criminosos. Não consigo compreender como conseguem dormir a noite ao contabilizar os assassinatos cometidos durante o dia. Aliás, me passa desapercebido, todo e qualquer motivo que levam um ser humano a tirar a vida do outro. Independente de histórico político, religioso, racial e todas as possíveis derivações. O dito infiel é apenas outro ser humano. A pessoa com posição contrária a sua é apenas outro ser humano. Você e eu somos apenas seres humanos. Nossas vidas tem o mesmo valor, independente de quem você seja e da causa que você defenda. Aos jovens que buscam ser heróis, sugiro que trabalhem em causas humanitárias pelo mundo ou em sua própria comunidade. Ao invés de doarem suas vidas ao explodir seus corpos por um ideal, doem suas vidas em gestos e atitudes que farão a diferença para outras pessoas. Doem-se em prol do bem. Então se sentirão grandes e poderosos sem precisar esconder seus rostos. O anonimato será apenas uma opção e não um refúgio.