- Mas o
que ela queria? Anda de saia e shortinho curto para cima e para baixo e usa
aquelas blusas decotadas, tava pedindo para ser estuprada!
- Quem
respeita uma mulher que vive bêbada por aí? Claro que uma hora iriam
estupra-la!
- Se ela
tivesse na igreja isso não ia acontecer!
Poderia
ficar aqui citando inúmeros dos comentários que já ouvi e li a respeito de
mulheres que são estupradas, mas esse não é o objetivo deste texto. Em cada um
destes comentários fica claro que para muitas pessoas as causas do estupro são
as próprias mulheres, as vítimas, e não os agressores. Um homem que comete um estupro É o criminoso
e NÃO a mulher, independente da roupa que ela usar, da condição física,
ocasião, crença ou qualquer outra coisa. Nada justifica um estupro. Não existe
fator atenuante. A culpa é e SEMPRE será do agressor. Pelo número de pessoas
que pensam o contrário disso, só posso chegar a conclusão de que vivemos em um
país com uma sociedade predominantemente machista. Uma pena que muitas mulheres
também estejam incluídas nessa posição.
Não me
considerava uma feminista, pois imaginava que o movimento tinha perdido sua
funcionalidade após as mulheres terem adquirido muitos dos direitos que hoje
desfruto, como voto, independência financeira e liberdade sexual. Porém há
tempos atrás comecei a ter uma certa curiosidade pela origem do movimento e
depois que li esses quatro livros (O complexo de Cinderela, As boas mulheres da
China, O amor chegou tarde em minha vida e O mito da beleza) consegui
estabelecer uma conexão da minha própria vida com o os pensamentos feministas e
me senti parte deste grupo. Sim, agora eu me considero uma feminista.
Para quem
não sabe, feminismo é um movimento social, filosófico e político que luta
por direitos iguais entre homens e mulheres. Evoluímos muito em relação a
garantia de nossos direitos, mas ainda existe muito a ser consolidado. Dentre o
que ainda precisa ser assegurado é a conscientização de que não precisamos nos
sentir culpadas pelo fato de sermos mulheres e termos um corpo com curvas, que
na cabeça de alguns homens e mulheres doentes, deve ser escondido ou disfarçado
para não sofrermos molestações pelo simples fato de expô-lo.
Somente por ser uma mulher, me comportar como mulher e
usar roupas de mulher não dou a ninguém
o direito de me estuprar. Somente por ser uma mulher não dou a nenhum homem o
direito de me espancar. Somente por ser uma mulher não dou a nenhum homem o direito
de me ameaçar. Somente por ser uma mulher não dou a ninguém o direito de me dizer
como devo ou não devo seguir minha vida.
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