O anonimato seduz. O homem de máscara, misterioso e incógnito assume o poder de fazer coisas e realizar atos que com o rosto descoberto não seria capaz. Ele joga bombas, depreda e é capaz de cortar pescoços. Tudo em nome de uma causa maior. Os fins justificam os meios. O homem sem identificação liberta seu lado mais sombrio e faz ameças. Promete matar mais vezes. Jura exterminar todos os que dele pensam diferente. Em seu estrelato anônimo em um vídeo cruel exposto na internet sente-se forte. Imbatível? Depende.
Por minha vez penso que ser forte é ter autocontrole e saber perdoar aqueles que nos maltratam ou discordam de nossas opiniões. Isso sim é difícil! Xingar, matar, isso é coisa para qualquer um.
No programa Fantástico de ontem (22/09/2014), vi a história do jovem brasileiro que alistou-se para o exército, se é que assim pode ser chamado, do Estado Islâmico. Fiquei chocada. Não por se tratar de um brasileiro a entrar em uma guerrilha cujos ideais são um tanto, para não dizer muito, controversos. Mas sim por verificar que ele, quem sabe assim como tantos outros que seguem pelo mesmo caminho, em busca da sua paz de espírito e ideal de vida, optam em causar a desgraça e morte de tantas pessoas.
Não é de hoje que sabe-se que a geração de jovens que aflora na nossa sociedade tem baixa tolerância a frustração. Augusto Cury explora o tema em muitos de seus livros e ontem mais do que nunca lhe dei razão. Esse jovem, na época com 17 anos, não supera a ideia de ter sido rejeitado no clube de futebol onde jogava. Frustra-se. Em meio ao seu caminhão de pensamentos deteriorantes afunda-se no vazio das lamentações. Encontra sua tábua de salvação em meio a religião e nela junta-se ao grupo de pessoas, que assim como ele, precisam de um sentido para sua vida. Querem ser heróis. Os rebeldes dessa guerrilha lhe incutem o sentimento de que podem conquistar aquilo que desejam lutando por um ideal maior. Em palavras menos lustrosas, matando pessoas que lhe contrariaram. Jovens sem auto-estima recebem o livre arbitrio para praticar vingança. Eu não sei o que esses jovens pensam enquanto cometem seus atos criminosos. Não consigo compreender como conseguem dormir a noite ao contabilizar os assassinatos cometidos durante o dia. Aliás, me passa desapercebido, todo e qualquer motivo que levam um ser humano a tirar a vida do outro. Independente de histórico político, religioso, racial e todas as possíveis derivações. O dito infiel é apenas outro ser humano. A pessoa com posição contrária a sua é apenas outro ser humano. Você e eu somos apenas seres humanos. Nossas vidas tem o mesmo valor, independente de quem você seja e da causa que você defenda. Aos jovens que buscam ser heróis, sugiro que trabalhem em causas humanitárias pelo mundo ou em sua própria comunidade. Ao invés de doarem suas vidas ao explodir seus corpos por um ideal, doem suas vidas em gestos e atitudes que farão a diferença para outras pessoas. Doem-se em prol do bem. Então se sentirão grandes e poderosos sem precisar esconder seus rostos. O anonimato será apenas uma opção e não um refúgio.
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